Quatro meses após o vídeo que mostra o vereador João Emanuel (PSD) supostamente negociando o direcionamento de uma licitação, o advogado Eduardo Mahon, responsável pela defesa do parlamentar, revelou ter descoberto uma nova gravação, cujo conteúdo pode invalidar o outro. Segundo ele, nesse vídeo, a dona do terreno alvo de fraude e o filho dela aparecem planejando gravar o vereador.

“É fácil alguém induzir outra pessoas a falar uma coisa que possa a prejudicar depois. Podem chegar em você e oferecer um novo emprego, aí te prometem um bom salário e você começa a reclamar do seu emprego e então eles gravam só você falando isso. Te induziram. É fácil fazer isso. E esse novo vídeo mostra eles planejando gravam João Emanuel”, comentou Eduardo Mahon, para explicar a importância da “nova prova”.

Nessa gravação, pode se ouvir a voz de uma mulher e de pelo menos outras duas pessoas. Nenhum rosto aparece. Os três estariam discutindo a situação do terreno e, supostamente, comentam que o “João Emanuel não tem nada a ver com isso”. Para, pouco depois, a mulher ratificar: “Então vamos gravá-lo”.

Para Eduardo Mahon, fica claro a voz feminina é de Ruth Hercia da Silva, a empresária dona do terreno alvo de fraude cartorária, enquanto uma das masculinas seria a do filho dela, Pablo Norberto Dutra. E, com o teor possível de ser distinguido, ficaria clara uma armação para induzir o vereador João Emanuel a falar coisas passiveis de prejudica-lo.

“É precipitado dizer que um anula um ao outro. Ao contrário, se completam. Um explica o outro. Aquele primeiro, na verdade é o segundo. Quando ele grampeou a senhora, o primeiro vídeo ficou feito mal feito e não usaram. Foi aí que gravaram o outro, aquele que foi distribuído legendado. Esse é o primeiro vídeo, com a imagem e áudio ruim. E nele, essa senhora gravou o próprio filho e mais uma ou duas pessoas. Ou seja ela sabia que o filho dela vendeu o terreno. Não tem como ela não saber”, ponderou Mahon.

De onde veio

Segundo Eduardo Mahon, esse novo vídeo estava desde o início no processo civil contra João Emanuel. Contudo, o Ministério Público não teria pedido perícia técnica sobre essa gravação, mas, ao contrário, ignorado a existência dele.

Operação Aprendiz

Segundo o Gaeco, João Emanuel grilava imóveis e os utilizava como garantia para agiotas, a fim de captar recursos para campanha eleitoral de 2014, na qual concorreria ao cargo de deputado estadual. Os proprietários dos terrenos seriam pagos com ofertas de participação em processos licitatórios fraudados na Câmara Municipal.

A gráfica Documento é um dos empreendimentos com participação suspeita em licitações. A empresa venceu o pregão presencial 015/2013 e firmou o contrato 001/2013, o primeiro da atual gestão de João Emanuel. A favor da empresa foram empenhados mais de R$ 1,6 milhão para prestação de serviços gráficos e fornecimento de material de expediente para escritório.

O vereador também é alvo de pedido de cassação na Câmara de Vereadores pelo mesmo motivo. O caso está sendo analisado pela Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, que deverá notificar João Emanuel o retorno das atividades parlamentares para apresentar uma defesa.