Por conta do pedido de investigação do esquema de operação da TelexFree em Mato Grosso, a promotora de Justiça de Lucas do Rio Verde (a 340 km de Cuiabá) Fernanda Pawelec Vieira, tem sido alvo de muitos comentários na cidade, inclusive, que estaria sendo ameaçada de morte. A promotora nega.

“Não recebi nenhuma ameaça, até porque, entrei apenas com um pedido de investigação, não entrei nem com uma medida judicial. Não me sinto ameaçada e nem digna de ameaça. Estou só tentando alertar a população”, disse ao Olhar Direto.

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Ela conta que teve que viajar para Cuiabá nesta semana e o que se falava era que esta tinha sido uma medida de proteção. “Falam muita coisa, inclusive, que eu ia me retratar em público e que até ia integrar a rede e me cadastrar no TelexFree”.

A promotora disse que decidiu abrir inquérito civil para investigar o modo de operação da empresa Ympactus, especialmente, para verificar se estão sendo cometidos “eventuais delitos contra as relações de consumo (CDC)”. O esquema que é considerado ilegal pelo Ministério da Fazenda vende serviços da telefonia Voip e remunera quem faz um investimento inicial e alimenta o sistema por meio da postagem de anúncios pela internet e aumenta o lucro com conta da indicação de pessoas “não tem sustentabilidade, porque não se baseia na venda de produtos, só na indicação”, avalia. O divulgador ganha U$ 0,49 por venda de serviços e U$ 100 pela indicação de pessoas, divulgadores em potencial.

Fernanda alega estar muito preocupada com o cenário atual, em que cada vez mais pessoas aderem ao sistema. Atraídas pela possibilidade de ganho de altos valores e em pouco tempo, chegam a fazer altos empréstimos para iniciar os investimentos. Em nota, o diretor de marketing da Ympactus, representante da TelexFree no Brasil e quem tem sede no Espírito Santo, negou que os divulgadores sejam atraídos com esta promessa: “Ganho rápido e com alto valor? Eu queria saber onde é que tem isso, pelo amor de Deus. E se você souber que alguém está divulgando isso dessa forma, denuncie para a Telex Free. Estamos cansados de mandar e-mails, colocar informativos que nunca a empresa vai concordar com esse tipo de abordagem. A pessoa pode ganhar um dinheiro na TelexFree? Pode! Desde que ela venda mais, produza mais”, disse a seus divulgadores via Facebook.

Para iniciar as investigações, a promotora reuniu comentários de blogs, de sites e notícias jornalísticas que inspiravam mais pessoas a apostarem no esquema de divulgação da TelexFree. Muitos deles, são de pessoas que testemunharam progresso colossal, como é o caso do ex-vendedor de espetinho que em pouco tempo adquiriu uma Ferrari.
Em Mato Grosso não é diferente. Há vários vídeos no YouTube com depoimento de gente que em menos de um ano adquiriu carro de luxo e outros, que afirmam que atualmente ganham em média R$ 50 mil com a divulgação da TelexFree.

“Tenho só dez meses, não é nem um ano e eu consegui comprar um camaro. Fiquei doce com TelexFree”, se diverte um divulgador do norte da Mato Grosso que postou no YouTube, o momento em que sai da concessionária com o carro zero.

De Barra do Garças, foi postado o vídeo “De Fusquinha para Hilux”, em janeiro deste ano. O ex-motorista Odilon, fala que entrou no negócio por meio de um amigo e que se alguém quisesse saber mais sobre o TelexFree em Cuiabá, era para falar com o “Roberto”. “Mudou a minha vida. Entrei há 35 dias atrás e passei a ganhar meu dinheiro. Adquiri uma hilux semi-nova e passei a ganhar R$ 50 mil por mês. Muita gente me criticou, disse que era fria. Então, ele sugere que procurem o Ricardo [Manciolli,que postou o vídeo]. “Se alguém quiser eu exponho a minha conta bancária], garante.

Não são só os anônimos que vão garantindo mais ingresso no sistema. O ator Sandro Rocha, de Tropa de Elite 2, também tem se dedicado à divulgação da TelexFree, como um dos principais divulgadores no país. Há dezenas de vídeos de sua autoria em que convoca pessoas, disponíveis na internet.

Oficialmente, seis estados brasileiros, incluindo Mato Grosso, investigam o esquema a partir do Ministério Público e Polícia Federal.