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Sábado, 18 de maio de 2024

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Caso Ryan

Assassino de ex-sogra e ex-enteado de quatro anos vai a Júri Popular

Foto: Reprodução

Assassino de ex-sogra e ex-enteado de quatro anos vai a Júri Popular
O juízo da Primeira Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra A Mulher proferiu sentença de pronuncia em que determinou que o técnico em informática Carlos Henrique Costa De Carvalho vá a Júri Popular pelo duplo assassinato da ex-sogra dele, Adimárcia Mônica da Silva, e do ex-enteado de apenas 4 anos, Ryan Alves Camargo.


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Na decisão, o juízo deixa de conceder ao réu o direito de aguardar o julgamento em liberdade, em razão da pronúncia, uma vez que, colocado em liberdade o réu poderá coagir as testemunhas, ou ainda, se evadir do distrito da culpa, impedindo que o seu julgamento possa ocorrer de forma regular e breve.

Após uma discussão durante a qual Carlos acusou a ex-sogra de ter influenciado a filha, Thayssa Alves, a romper o relacionamento, passou a agredi-la e, em seguida desferiu inúmeros golpes de faca contra o abdome dela.

Consta da denúncia do Ministério Público, que depois de ter consumado o homicídio, o denunciado ainda jogou álcool no corpo da vítima Adimárcia e ateou fogo no corpo. Enquanto ele matava a ex-sogra, Ryan acordou e presenciou tudo.

“Premeditadamente, resolveu ceifar a vida do garoto como anteriormente havia prometido. Assim, após esfaquear e atear fogo no corpo de Adimárcia, o denunciado pegou a vítima Ryan e se deslocou até a Ponte do Porto, sobre o rio Cuiabá (sic), ocasião em que estendeu o braço e jogou a criança dentro do Rio Cuiabá, que no momento em que esticou os braços a criança tentou se agarrar no referido homem, mas este não permitiu e jogou a criança no rio”, consta da denúncia.

Na denúncia, o MPE afirma ainda que ‘não se pode descaracterizar a frieza do denunciado, que desferiu golpes de faca contra sua ex-sogra e, em seguida ateou fogo. Depois jogou o menino Ryan, de apenas quatro anos de idade, no Rio Cuiabá’.

Segundo o juízo da Primeira Vara, no que tange à autoria, há fortes indícios de que o acusado teria participado do crime descrito na peça acusatória, tendo em vista que o mesmo confessou os atos praticados contra as vítimas supramencionadas, na fase judicial do processo, conforme se pode observar no interrogatório.

Confira trecho do depoimento abaixo:

(01:18:46) Magistrada: Algo mais a dizer em sua defesa?

(01:18:56) Acusado: Eu me arrependo de tudo.

(01:18:59) Magistrada: O senhor se arrepende de tudo?

(01:19:00) Acusado: Isso.

(01:19:01) Magistrada: O senhor se arrepende do que? Agora o senhor me conta do que o senhor se arrepende, que até aqui eu não entendi.

(01:45:21) Acusado: Eu vou confessar pra senhora Juíza.

(01:45:52) Acusado: Foi o seguinte, naquela noite eu fiquei sabendo várias coisas da minha ex-mulher, e como ela falava que ela ia voltar, e eu não acreditava na hora, aí quando eu cheguei na casa dela, realmente a mãe dela falou que ela foi motel com dois rapazes, que já tava como outro cara, que ela tava mentindo pra mim (...) (sic)

(01:46:21) Magistrada: O senhor arrombou a casa? Pra entrar?

(01:46:24) Acusado: Sim, eu entrei pela janela.

(01:46:28) Magistrada: E aí?

(01:46:29) Acusado: E aí...na verdade eu chamei, e daí ela pegou e meio que tava saindo pela porta, e eu peguei e entrei pela janela, só que como na época que eu morava lá não tinha nada, eu empurrei e caiu o guarda-roupa.

(01:46:41) Magistrada: E aí?

(01:46:42) Acusado: E aí foi o seguinte, eu peguei e fui até o local onde ela tava, ela pegou e veio falar pra mim, aí que mãe dela começou a falar várias coisas...que eu não prestava, que ela já tava com outro rapaz, falou que ela tava como outro rapaz, e que ela foi pro motel nem sabe com quem, que era com dois caras, deixou bem avisado pra mim.

(01:47:01) Magistrada: E aí?

(01:47:02) Acusado: E aí , naquela hora eu fiquei com ódio, bastante ódio da minha ex-mulher.

(01:47:07) Magistrada: E aí?

(01:47:08) Acusado: E aí eu...na hora ela pegou e veio pra cima de mim, eu falei que a filha dela não prestava também, aí ela pegou e veio pra cima de mim pra tentar me bater, pra mim sair, e nisso eu vi uma faca que tava jogada na casa dela, e eu fiz o crime.

(01:47:27) Magistrada: Aí você pegou a faca e?

(01:47:28) Acusado: Sim.

(01:47:30) Magistrada: E desferiu?

(01:47:32) Acusado: Sim.

(01:47:36) Magistrada: O senhor deu quantos golpes?

(01:47:37) Acusado: Eu não me recordo de quando golpes que eu dei, quantos, total assim eu não sei.

(01:47:49) Magistrada: Vocês estavam onde, na hora que você começou a desferir as facadas nela?

(01:47:53) Acusado: Tava mais ou menos entre a sala e quarto.

(01:47:58) Magistrada: E aí, ela tentava se defender do senhor?

(01:48:01) Acusado: Sim, tentou uma vez.

(01:48:04) Magistrada: Tentou, e aí?

(01:48:05) Acusado: Daí ela foi pra trás, e no que ela foi pra trás, eu fui pra cima dela.

(01:48:08) Magistrada: Foi pra cima dela, e atingiu ela onde?

(01:48:11) Acusado: Foi mais ou menos nessa região do abdome.

(01:48:24) Magistrada: E em que momento ela caiu?

(01:48:29) Acusado: Eu não tenho a hora certa que ela caiu, eu lembro que eu fui dando facada nela e ela caiu, aí, por um momento assim eu fiquei com ódio, ódio, ódio...e daí quando eu olhei pra ela, ela pegou e já tava morta.

(01:48:44) Magistrada: E o Ryan tava onde?

(01:48:45) Acusado: A criança acordou na hora, depois, e viu.

(01:48:48) Magistrada: Ele viu qual parte?

(01:48:49) Acusado: Ele viu a parte que a vó dele tava deitada no chão já.

(01:48:59) Magistrada: Ele não acordou com os gritos dela?

(01:49:00) Acusado: Não, se eu não me engano ela falou uma vez: “Para! Pra que isso, você é chifrudo”. Só. Foi na hora que, acho que ele tava levantando.

(01:49:08) Magistrada: E aí, na hora que ele acordou?

(01:49:11) Acusado: Aí, eu fiquei com medo, porque ele me viu eu...sei lá, na hora não tive reação.

(01:49:19) Magistrada: E aí ele falou alguma coisa pra você?

(01:49:20) Acusado: Não, ele não falou nada.

(01:49:22) Magistrada: E aí?

(01:49:23) Acusado: E aí eu vi que ele tinha visto que a vó dele tava morta e eu...aí eu me arrependo bastante.

(01:49:32) Magistrada: Daí, o que você fez, quando ele viu que você tinha matado a vó dele, e você viu que ela estava morta, o que você fez? Se ela já estava morta, porque que você não foi embora?

(01:49:42) Acusado: É porque eu fiquei com medo da criança pegar e falar a mesma coisa do que ta dando já, e aí eu quis sumir com a criança.

(01:51:40) Magistrada: E aí foi até a ponte? E deixou o carro onde?

(01:51:43) Acusado: Eu parei naquela rua do lado da ponte.

(01:51:44) Magistrada: Na rua da Sadia?

(01:51:45) Acusado: Isso, na rua da Sadia.

(01:51:47) Magistrada: Parou o carro na rua da Sadia, e?

(01:51:50) Acusado: E aí eu cheguei até na ponte e joguei a criança.





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