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Sábado, 27 de abril de 2024

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Diálogos interceptados mostram escrivão prestando apoio a Emanuel em 'aparelhamento' da PJC

Foto: Reprodução

Diálogos interceptados mostram escrivão prestando apoio a Emanuel em 'aparelhamento' da PJC
Interceptação no celular de Emanuel Pinheiro (MDB), afastado por seis meses da prefeitura acusado de chefiar organização criminosa que se instalou na saúde da capital, mostra conversa travada entre ele e um escrivão da polícia civil que, em 2021, era lotado na Delegacia de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública.

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As informações estão contidas em relatório Técnico elaborado em 15 de fevereiro de 2024 pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção e, posteriormente usada pelo Grupo de Operações Permanentes (GOP) do Ministério Público para pedir o afastamento do alcaide. 

Os diálogos travados entre Emanuel e o escrivão evidenciaram, conforme as investigações, o poder de influência que o prefeito tem, inclusive com tentativa de aparelhar ações da Polícia Judiciária Civil em seu favor.

O escrivão é filho de um tenente amigo de Emanuel, conforme o próprio prefeito expõe na conversa. Após o escrivão dizer que “a polícia está com o senhor”, Pinheiro agradece pelo apoio e diz que “seu pai é um grande amigo”.

Depois disso, R.O.M.M. diz que é funcionário de confiança de dois delegados e afirma à Pinheiro: “eles querem fritar o senhor”. Em seguida, R. pede que Pinheiro arrume um local escondido, como uma chácara, para realizar uma reunião com um delegado. Emanuel responde com uma localização e o escrivão confirma: “combinado”.

Às 19h30 do dia 9 de julho de 2021, então, eles se encontram na casa de pessoa identificada como M.P. O escrivão diz: “prefeito, só comunicando que já estou indo”, e Emanuel responde: “ok, já estou aqui”.

Em continuidade à conversa, registra-se o escrivão informando que logo chegaria ao local, e, aproximadamente uma hora depois, inicia-se a remessa de informações acerca de licitação de meio bilhão de reais na Seduc, enviadas por terceira pessoa à ele, que encaminha à conversa ao prefeito no mesmo dia da reunião.

Em agosto daquele ano, R. demonstra a possibilidade de uma reunião, agendada para o dia 5, entre ele, Pinheiro e o delegado. No dia 23, R. leva à Emanuel seis informações, o alertando para tomar cuidado, pois estaria sendo investigado.

“Bom dia prefeito, é o seguinte: realmente estão investigando o senhor, tome cuidado; o titular da Deccor será afastado, inclusive já mandaram ele para fazer um curso fora daqui com a intenção de abafar. É verdade que ele ia pedir a benção do Mauro Carvalho, de repente pedir uma investigação para apurar isso seria bom, podemos averiguar se ele entrou e quantas vezes na Casa Civil”, disse o escrivão ao prefeito.

E segue: “há forte indícios que o ministério público vira a delegacia fazer uma correição nas investigações para saber se há direcionamento para te pegar. E até onde apurei aqui é verdade. Estão te perseguindo. Tenta fazer com que o MP venha a delegacia analisar as investigações que vão constatar MUITA coisa do senhor. Delegados estão com medo pois está dando muita repercussão. Estão morrendo de medo com a volta do L. porque esse retorno vai frear as investigações contra o senhor”.

Após afirmar que o referido delegado frearia as investigações contra Emanuel, o escrivão cobra o prefeito para que interfira na recondução da autoridade policial ao cargo. “Prefeito, o senhor consegue intervir para que esse desembargador dê a decisão logo?”, questiona.

Para as investigações, os diálogos travados demonstraram claramente o poder de articulação do Prefeito, inclusive junto aos órgãos de persecução penal, denotando seu interesse em aparelhar a polícia ao seu favor.

O desembargador Luis Ferreira, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), afastou, nesta segunda-feira (4), o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), por seis meses, pela suposta prática de organização criminosa. Para o MPE, ele é chefe do grupo que atuou com objetivo de causar “sangria dos cofres públicos”, sobretudo na pasta da Saúde municipal. O prejuízo estimado ao erário seria de R$ 350 milhões.









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