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Sábado, 27 de abril de 2024

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AFASTADOS PELA JUSTIÇA

Braço direito de Emanuel tem contato na PF e 'previu' ações policiais contra o prefeito

Foto: Edição Olhar Direto

Braço direito de Emanuel tem contato na PF e 'previu' ações policiais contra o prefeito
Além de ser o braço direito de Emanuel Pinheiro e apontado como responsável por organizar as contratações de empresas privadas pela administração municipal, Gilmar de Souza Cardoso, assessor executivo de governo da capital, é também quem “previu” todas as possíveis operações que poderiam atingir o prefeito, as datas e seus alvos.

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Em uma gravação ambiental feita por uma servidora, usada pelo promotor Carlos Roberto Zarour Cesar como prova contra Pinheiro, Gilmar comenta sobre a operação da Polícia Federal em que ela foi alvo, e disparou.

“Mas deixa eu te falar pra você... você sabe aonde... aonde que você vai ficar isenta disso ai? Porque a polícia já sabe o que é, e o que não é!... Eu tive lá porque meu primo é policial federal, chama... eles pegaram o lastro de todo mundo, já fizeram o lastro de todo mundo, quem pegou dinheiro, quem que não pegou, aquela empresa”.
Além de impedir que supostos envolvidos no grupo delatassem o esquema à polícia, promovendo orientações sobre o que dizerem em seus respectivos depoimentos, Gilmar também previa as operações.

Na mesma interceptação registrada, ele fala para a servidora que “ai você pode escrever do dia 8 até o dia 12 agora, vai ter outra operação, ela ia ter agora pra trás, aí eu peguei e corri atrás, mexi uns pauzinhos e segurei ela, mas não...não... tem mais como e ela vai acontecer, e quem vai pro cacete? Infelizmente, Dona Nadir e o Eduardo”.

A afirmação causou espanto no promotor, pois, mais uma vez, a previsão de Gilmar se concretizou e, um mês depois, foi deflagrada a operação Hypnos, cujos alvos foram exatamente os ditos por Gilmar: Nadir Ferreira Soares Camargo da Silva e Eduardo Pereira Vasconcelos.

A conversa foi flagrada no âmbito da Operação Cartão Postal, em novembro de 2022, quando a referida servidora grava uma conversa entre ela e Gilmar, sem ele saber. Para o MP, essa é uma das provas mais importantes do processo.

Na ocasião, após ser alvo da Polícia Federal, a servidora e seu marido ficaram desempregados e buscaram ajuda de Gilmar para resolver a situação. Foi aí que ela gravou a conversa com ele.
 
“Portando, não há dúvidas que GILMAR CARDOSO é um verdadeiro profissional na articulação das operações da organização criminosa. Nesse ponto, observa-se que GILMAR possui papel fundamental na ORCRIM, pois minuciosamente transita por diversos setores, pastas e nas suas respectivas contratações ilícitas, como se estivesse sempre 'colocando ordem no galinheiro'. Ressalta-se que, como narrado, essa função também abrange a proteção dos esquemas contra possíveis delatores”, concluiu o promotor em relação à Gilmar.
 
O desembargador Luis Ferreira, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), afastou, nesta segunda-feira (4), o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), por seis meses, pela suposta prática de organização criminosa. Para Zarour, ele é chefe do grupo que atuou com objetivo de causar “sangria dos cofres públicos”, sobretudo na pasta da Saúde municipal. O prejuízo estimado ao erário seria de R$ 350 milhões.

Afastado do cargo, Pinheiro também foi proibido de se ausentar da capital sem autorização do Poder Judiciário. Ainda conforme a decisão, Emanuel não pode manter contato, por qualquer meio, de forma direta ou por intermédio de outra pessoa, com servidores e agentes políticos, como secretários. 

O emedebista também deve evitar contato com os demais investigados, Célio Rodrigues (ex-secretário de Saúde), Milton Corrêa e Gilmar Cardoso (assessor executivo da Secretaria Municipal de Governo), que também foram afastados.

O prefeito ainda não poderá frequentar a sede da prefeitura e de outros órgãos ligados ao município.  

Outro lado

A defesa de Milton Corrêa da Costa emitiu nota de posicionamento informando que  “diante da decisão proferida pelo TJMT, percebe-se que as cautelares aplicadas a Milton Correa da Costa Neto são extemporâneas, uma vez que já discutidas na Operação Overpriced, está já revogada e Operação Curare, que tramita na Justiça Federal. Na ocasião da Curare, a Justiça Federal já havia determinado medidas cautelares diversas da prisão, inclusive a proibição de contratação com o poder público”.
 
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