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Veja interceptação telefônica

Cacique suspeito de crime na Terra Indígena Marãiwatsédé esperava lucro mensal de R$ 1,5 milhão

17 Mar 2022 - 09:44

Da Redação - Arthur Santos da Silva/ Wesley Santiago

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Cacique suspeito de crime na Terra Indígena Marãiwatsédé esperava lucro mensal de R$ 1,5 milhão
Informações da decisão judicial que deflagrou Operação Res Capta, para combater crimes em unidade regional da Funai em Mato Grosso, aponta a expectativa de suspeitos em obterem lucro mensal de R$ 1,5 milhão. São apurados atos de constituição de milícia privada, corrupção ativa e passiva, porte ilegal de arma de fogo, abuso de autoridade e crimes ambientais diversos. Fatos estão ligados à Terra Indígena Marãiwatsédé.

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A previsão de lucro foi levantada pelo atual coordenador regional da FUNAI na comarca de Ribeirão Cascalheira, Jussielson Gonçalves Silva, e pelo policial militar da ativa no estado do Amazonas, Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza, espécie de “braço-direito” de Jussielson.
 
Segundo Jussielson e Maxmiliano, em setembro de 2021 a Associação Bõ’u Maraiwatsédé arrecadava R$ 250 mil mensais pelo arrendamento ilegal de pasto. Atualmente este valor beira aos R$ 900 mil mensais. A estimativa era alcançar o valor de R$ 1,5 milhão mensais após toda a medição do pasto ou até o meio do ano.
 
Isso fica evidenciado em uma interceptação telefônica feita entre Jussielson e o cacique Damião Paridzané, onde a dupla trata sobre uma possível reunião entre ambos, na Funai. Depois, dois dias depois, eles voltam a se falar, e este diálogo explicita a situação dos arrendamentos na terra indígena. O diálogo tem aproximadamente 09 minutos e traz informações relevantes para o fato (veja a íntegra no fim da matéria).

“Não se consegue entender ou mesmo explicar os motivos que estão levando Jussielson Gonçalves Silva a atuar ativamente para aumentar o valor dos arrendamentos, substituir parceiros que estão pagando menos por outros que podem pagar mais, quando em verdade sua função deveria ser impedir novos arrendamentos”, diz trecho da decisão que deflagrou a operação nesta quinta-feira (17).

A liderança indígena citada como  tendo participação no esquema é lideranças encabeçadas pelo Cacique Damião Paridzané. O ex-policial militar do estado do amazonas, Enoque Bento de Souza, também é apontado como participante nos crimes. 
 
O caso


O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal em Mato Grosso (GAECO-MPF), e a Polícia Federal, por meio da unidade em Barra do Garças, deflagaram na manhã desta quinta a Operação Res Capta, que tem como objetivo combater crimes de constituição de milícia privada, corrupção ativa e passiva, porte ilegal de arma de fogo, abuso de autoridade e crimes ambientais.
 
As investigações tiveram início em setembro de 2021 na Delegacia da PF de Barra do Garças a partir de denúncia anônima informando que servidor da Funai, da Comarca de Ribeirão Cascalheira (380 km de Barra do Garças), estaria recebendo valores em dinheiro em troca de favores, no sentido de dar preferência a alguns indivíduos no arrendamento de terras dentro da reserva indígena Marãiwatsédé, para criação de gado.
 
Foi constatado que os investigados estariam cobrando valores de grandes fazendeiros da região para direcionar e intermediar arrendamentos no interior da Terra Indígena Marãiwatsédé. Os pagamentos eram monitorados pelos investigados, que faziam o serviço de cobrança e retiravam da Terra Indígena os fazendeiros inadimplentes e direcionavam outros para ocuparem os locais deixados pelos arrendatários retirados.

Veja uma das interceptações:

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