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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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CRIANÇA ENTRE VÍTIMAS

Chacina que matou sete pessoas após partida de sinuca completa um ano; acusado aguarda júri

Foto: Reprodução

Chacina que matou sete pessoas após partida de sinuca completa um ano; acusado aguarda júri
Getúlio Rodrigues Frazão e sua filha Larissa, de 12 anos, Adriano Balbinote, de 46, Elizeu Santos da Silva, 47, Josué Ramos Tenório, 48, Maciel Bruno de Andrade Costa, 35, e Orisberto Pereira Souza, 38, foram covardemente assassinados há exatamente um ano, no trágico episódio conhecido como Chacina de Sinop.

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​O caso ocorreu em pleno feriado de carnaval de 2023, quando Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e seu comparsa, Ezequias de Souza Ribeiro, 27, inconformados por derrotas em partidas de bilhar, ceifaram a vida das sete pessoas, em plena luz do dia.

A ação foi registrada por câmeras de segurança. Segundo a polícia, o crime foi motivado após Edgar e Ezequias perderem R$ 4 mil para Getúlio Frasão, em jogos de sinuca. De acordo com o delegado Braúlio Junqueira, Edgar passou a manhã jogando com a vítima. Depois de perder uma quantia considerável, ele e Ezequias voltaram à tarde.
 
Após uma nova derrota, o assassino se irritou com a situação e deu sinal para Ezequias, que sacou uma pistola calibre .380 e rendeu todos que estavam no bar. Já Edgar foi até sua caminhonete e pegou uma espingarda calibre .12. Larissa foi atingida por um tiro nas costas, enquanto tentava fugir dos assassinos.

A Federação de Tiro de Mato Grosso (FTMT) confirmou que Edgar tem registro de CAC e que frequentava um clube de tiro da cidade, mas, por causa de diversas faltas, ele fora desfiliado, ficando, portanto, em estado irregular, já que um dos requisitos legais para poder ser e continuar sendo CAC é ser filiado a um clube ou entidade de tiro ou caça e manter habitualidade.

Ezequias foi morto pela polícia enquanto tentava fugir da responsabilidade dos crimes que cometera. Já Edgar foi preso e segue detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), enquanto aguarda ser submetido ao julgamento do Tribunal do Júri, agendado para 18 de junho, às 8h30.

Na tentativa de atenuar sua responsabilização pela morte de sete pessoas no episódio conhecido como Chacina de Sinop, o autor dos disparos, Edgar Ricardo Oliveira, depôs afirmando que agiu motivado por situações do passado e, sobre o fatídico dia, alegou que o fez em reação às alegações das vítimas de que ele não seria o pai biológico de sua filha.

No entanto, essa versão é rechaçada pelo Ministério Público que, por intermédio da promotora Carina Sfredo Dalmolin, apresentou os memoriais finais ao juízo da 1ª Vara Criminal de Sinop pedindo submissão ao júri popular pelos sete homicídios qualificados.

 A referida versão apresentada por Edgar foi escolhida como estratégia de defesa e somente é corroborada por sua mãe e esposa, que têm interesse que sua pena seja atenuada. Contudo, depoimentos dos sobreviventes da chacina, bem como áudio gravado pela câmera de segurança do bar, confrontam o alegado por ele.

Segundo os autos, o material da câmera aponta que não ocorreu “tiração de sarro”, sendo possível constatar que no momento que ele erra a última bola da partida de sinuca, jogou o taco na mesa nervoso, verbalizou com Ezequias, seu comparsa, pegou as armas e matou as pessoas que ali estavam.

Nos memoriais finais, apresentados à justiça em julho do ano passado, a promotora anexou ao documento depoimentos de uma sobrevivente e quatro testemunhas que refutam a tese de Edgar, inclusive com sua ex-namorada corroborando que a motivação foi a derrota na partida, já que em outras ocasiões ele já teria demonstrado agressividade ao perder jogando sinuca.

A ex dele, inclusive, alegou que “Edgar gostava muito de ser o centro das atenções e não gostava muito quando perdia, e era até agressivo com as pessoas quando perdia”.

Os memoriais são a última etapa para as partes no processo, antes de os autos serem remetidos ao juiz para sentença, a qual já foi proferida e determinou que Edgar vá ao júri.

Ação de indenização

Família de uma das vítimas pediu R$ 300 mil de indenização por danos morais. No dia 8 de maio de 2023, o juiz Cleber Luis Zeferino de Paula havia determinado o bloqueio de alguns bens móveis e imóveis de Edgar, atendendo pedido de liminar proposto por familiares de Maciel Bruno de Andrade Costa, uma das vítimas, para receber a indenização.

Na liminar, concedida parcialmente, o magistrado bloqueou apenas uma moto Honda CG Titan. Ocorre que a polícia apreendeu, também, a caminhonete S10, em nome de Edgar. A picape é avaliada em quase R$ 100 mil.

Diante disso, a defesa pediu ao juiz determinação para que o Detran e o Cartório do 2º Ofício de Sinop prestem informações nos autos do processo em questão sobre existência de escritura pública de bens imóveis em nome de Edgar, para a devida averbação.

Na ação, a esposa de Maciel Bruno conta que com a morte, ficou sem seu provedor e pai de seus filhos (dois menores de idade). “Diante disso, e em busca de amenizar os prejuízos causados à Requerente e aos seus filhos pela perda de seu esposo e provedor da família, não resta outra alternativa, a não ser, propor a presente ação indenizatória”.

No mérito, a família quer que Edgar seja condenado ao pagamento de pensão mensal, desde a morte da vítima, no valor de um salário mínimo, para cada requerente (mãe e dois filhos), a serem pagos de acordo com a expectativa de vida da vítima.
 
Ainda, a condenação no pagamento dos danos morais sofridos, levando em consideração toda dor e transtornos causados, no valor de R$ 300 mil. 
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