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Quinta-feira, 09 de maio de 2024

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Operação Hypnos

MPE denuncia ex-secretário da Saúde e mais dez por lavagem de dinheiro, associação criminosa e peculato

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

MPE denuncia ex-secretário da Saúde e mais dez por lavagem de dinheiro, associação criminosa e peculato
O promotor de justiça Carlos Roberto Zarour Cesar, do Ministério Público do Estado (MPE), denunciou o ex-secretário da saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva, pela pratica dos crimes de associação criminosa, contratação indevida, peculato majorado e lavagem de capitais. Além dele, outras dez pessoas envolvidas nos desvios ocorridos na Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP) foram acusados pelo MPE, no âmbito da operação Hypnos, deflagrada no início do mês pela Polícia Civil.

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 Acusação foi oferecida no último dia 24 e requereu à justiça que os réus sejam condenados a perda da função e cargo público, bem como que sejam ordenados a reparar os danos causados ao erário, cujo montante soma mais de R$ 3 milhões.

Conforme o promotor, em janeiro de 2023, a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção – DECCOR recebeu notícia encaminhada por Érico Pereira de Almeida, à época Diretor-geral Interino ECSP, nomeado após o Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso decretar intervenção, noticiando a possível ocorrência de crimes contra a Administração Pública e outros.

Tais crimes consistiriam em irregularidades no processo de pagamento de notas fiscais emitidas pela empresa Remocenter Remoções e Serviços Médicos tendo como destinatária a ECSP. Na apuração desencadeada pela Polícia Civil, descobriu-se fraude durante a compra de medicamento em plena pandemia de covid-19. Apesar de efetuado pagamento milionário, o remédio não teria sido entregue. 

Durante a intervenção foi realizado um levantamento da situação financeira da ECSP e dos hospitais administrados (Hospital Municipal de Cuiabá e Hospital Municipal São Benedito). Na ocasião, foram analisados os documentos fiscais (produtos e serviços) do período de 2020 a 2022, que tinham a ECSP como destinatária de mercadorias ou tomadora de serviços.

Com o avançar das investigações, detectou-se a presença de diversas irregularidades e falhas no processo de aquisição direta que se refere à aquisição de medicamentos descritos emitidas pela empresa Remocentes, no valor total de R$ 2.242.671,00.

Denúncia destacou, ainda, que a Controladoria Geral do Estado concluiu que a aquisição dos medicamentos descritos ocorreu de forma direta e o pagamento da quantia milionária foi realizado em caráter indenizatório, portanto, sem o devido processo licitatório e sem formalização da contratação.

Segundo a autoridade policial, os elementos de prova presentes no Relatório de Auditoria da CGE e Relatório Técnico do Núcleo de Inteligência da DECCOR demonstram que as irregularidades foram executadas de forma sistemática pelo denunciado Célio Rodrigues qualidade de então Diretor-Geral e ordenador de despesas da ECSP.

Além dele, Eduardo Pereira Vasconcelos na condição de Diretor Administrativo-Financeiro e ordenador de despesas da ECSP; Nadir Ferreira da Silva, na qualidade de Administradora de Planejamento e Finanças da ECSP; Raquel Proença Antunes,  Jussiane Beatriz Perotto, João Batista Deus Júnior, João Victor da Silva enquanto servidores e ex-servidores da Farmácia da Central de Abastecimento da ECSP e Maurício Miranda Mello, Mônica dos Santos, João Bosco da Silva e Gilmar Furtunato como representantes da empresa de fachada Remorcenter na qualidade de proprietário de fato e sócios-laranjas, com a finalidade de imprimir ares de legalidade à aquisição direta dos medicamentos relacionados nas Notas Fiscais.

Tais notas, conforme apurado, foram fraudulentamente emitidas pela empresa de fachada, uma vez que todas as irregularidades descortinadas “não podem ser vistas somente como meros equívocos administrativos, em verdade, estamos na presença de indícios veementes de que houve uma tentativa de ajustar as falhas e aparar as pontas soltas, com o nítido propósito de justificar pagamentos indevidos – desvio de recursos públicos da saúde do Município de Cuiabá/MT”, apontou o promotor.

A denúncia ainda juntou provas indicativas de que a empresa Remocenter se trata de empresa de fachada ante a ausência de endereços, contratos telefônicos e de autorização para venda de medicamentos junto aos órgãos competentes.

“Mostra-se, portanto, inequívoco que os elementos apontados neste tópico são suficientes para concluir que a empresa REMOCENTER se trata de uma “empresa fantasma”, formalizada apenas para dar ares de legalidade ao desvio de dinheiro público da saúde municipal, através de supostas compras de medicamentos realizadas pela ECSP”.

O promotor também juntou no processo a falta de aquisição dos medicamentos Midazolan e Propofol pela empresa Remocenter, bem como superfaturamento nas falsas aquisições de medicamentos da empresa de fachada pela ECSP.

Relativo ao crime de associação criminosa, o promotor apontou que, de forma livre e consciente, previamente acordados e em unidade de ações e desígnios criminosos, todos agindo plurissubjetivamente associaram-se, ao menos no ano de 2021, para o fim específico de cometimento de delitos de contratação direta ilegal, inserção de dados falsos em sistema de informações, ocultação de documento público, falsidade ideológica, lavagem de capitais e peculato no âmbito da ECSP.

“Falsa aquisição de medicamentos superfaturados da empresa Remocenter sem a devida comprovação de recebimento da mercadoria, através de processos montados e realizados a “toque de caixa” e revestidos de sequenciais ilegalidades, causando um prejuízo de R$ 3.242.751,00”, anotou a denúncia.
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