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Domingo, 12 de maio de 2024

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Júri condena ex-pistoleito de Arcanjo a 55 anos de prisão pela "Chacina da Fazenda São João"

Foto: Reprodução

Júri condena ex-pistoleito de Arcanjo a 55 anos de prisão pela
Édio Gomes Júnior, o “Edinho”, apontado como ex-pistoleiro de João Arcanjo Ribeiro, foi condenado a 55 anos, 3 meses de reclusão e doze dias-multa pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Édio foi um dos autores da “Chacina da Fazenda São João”, perto da cidade de Jangada, na ocasião em que pescadores foram executados na propriedade do ex-bicheiro. A sentença foi proferida por Murilo Moura Mesquita, Juiz de Direito e Presidente do Tribunal do Júri da 1ª Vara Criminal de Várzea Grande.


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O réu Èdio Gomes Junior foi julgado nesta quarta-feira (23) pelos homicídios qualificados de três vítimas. Os assassinatos por motivo fútil ocorreram em março de 2004 na fazenda São João e vitimou Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira - que foram mortas afogadas dentro de um tanque de peixes pelos funcionários da fazenda, após sessões de espancamento e disparos de arma de fogo.

Os jurados decidiram pela condenação do acusado por três homicídios qualificados e quatro ocultação de cadáveres. Ao final a pena fixada por Murilo à Èdio teve dosimetria calculada em 55 anos de condenação, três meses de reclusão e doze dias-multa.

A reportagem entrou em contato com a banca de defesa do acusado composta pelos advogados Neyman Monteiro, Hélio Caldeira, Regina Dessunte e Jorge Godoy, que decidiram que vão recorrer da sentença. Afirmaram os advogados de que a pena foi desproporcional e irão tentar reduzir a condenação.    

“Pelas condições de tempo, lugar e maneira de execução, observa-se que os crimes de ocultação de cadáver foram praticados em continuidade delitiva. Assim, com fulcro no art. 71, caput do Código Penal, tratando-se de quatro crimes, com penas finais idênticas, exaspero a reprimenda do primeiro crime na fração de 1/4 (um quarto). Portanto, para as ocultações de cadáver em continuidade delitiva, fixo a pena definitiva de 1 (um) ano e 3 (três) meses de reclusão e 12 (doze) dias-multa. Em razão da situação econômica do acusado, estabeleço o valor do dia-multa em um trigésimo (1/30) do salário mínimo vigente à época dos fatos, devidamente corrigido”, anotou Murilo.

Por fim, face à conduta delitiva qualificadas por motivo fútil, do meio cruel empenhado, do recurso que dificultou a defesa das vítimas e dos crimes de ocultação praticados para assegurar a impunidade dos homicídios, Murilo calculou que Édio passará por reprimenda de “55 (cinquenta e cinco) anos, 3 (três) meses de reclusão e 12 (doze) dias-multa no valor de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato. O réu cumprirá a pena em regime inicialmente fechado, como preceitua o artigo 33, § 2°, alínea a, do Código Penal”.

A Chacina

O crime bárbaro foi relatado no processo judicial que culminou nas condenações de vários seguranças da fazenda de Arcanjo. Foram denunciados como executores dos pescadores o gerente do setor de pescas da fazenda, Joilson James Queiroz, e os seguranças Noreci Ferreira Gomes, Valdinei, Evandro Negrão, Édio Gomes Júnior, o “Edinho”, Alderi Souza Ferreira, o "Tocandira", Adeverval José Santos, o “Paraíba”, e Carlos César André, o “Pezão”.

Conforme a denúncia, os seguranças vistoriavam os arredores das represas, devidamente armados, ação que era rotineira e ocorria até às 21 horas. No dia do fato, por volta das 20 horas, o grupo teria se dividido em dois, sendo que cada um foi para um lado da represa.

O segundo grupo localizou as quatro vítimas pescando, surpreendendo-as com disparos de arma de fogo. Itamir foi o primeiro a morrer, já que o disparo de arma de fogo foi fatal. Outro deles acabou atingido no abdômen, mas não foi a óbito na hora.

Após os disparos, os seguranças teriam se reunido para verificarem o que havia ocorrido. As vítimas sobreviventes foram dominadas, tendo mãos e pés amarrados, uma às outras e sob a mira de armas de fogo, momento em que o acusado Edinho telefonou para Joílson, que era um dos administradores da fazenda e narrou o ocorrido da seguinte forma: "Matamos uma capivara e tem três amarradas, se quiser, trás uma faca para tirar o couro".

Ao tomar conhecimento do fato, Joílson foi até o local com Noreci, e ordenou que os pistoleiros afogassem as vítimas que haviam sobrevivido aos tiros, afirmando que fariam isso para que não deixassem pistas do homicídio que vitimou Itamar.

As vítimas foram amarradas juntas e jogadas na represa, sem darem ouvido aos gritos de clemência dos pescadores. Acrescenta ainda que, no momento em que as vítimas submergiram, buscando meios de saírem da água, eram impedidas pelos acusados Alderi e Evandro.
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