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OPERAÇÃO SODOMA

Advogado de Cursi afirma que ex-delator é um grande mentiroso e o acusa de enganar MPE e a Justiça

18 Fev 2016 - 11:33

Da Reportagem Local - Arthur Santos da Silva / Da Redação - Paulo Victor Fanaia

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Roberto Tardelli, advogado de Cursi

Roberto Tardelli, advogado de Cursi

Roberto Tardelli, advogado do ex-secretário de Estado, Marcel de Cursi, réu no processo oriundo da "Operação Sodoma", que corre na Sétima Vara Criminal, da juíza Selma Arruda, falou com a imprensa ao final do primeiro dia de interrogatórios, no Fórum da Capital, por volta das 20h desta quarta-feira (17). Ele teceu críticas ácidas ao empresário, ex-delator e hoje vítima do esquema que teria desviado mais de R$ 2,5 milhões dos cofres dos Estado, João Batista Rosa. Para Tardelli, se trata de um "mentiroso", que conseguiu enganar o Ministério Público de Mato Grosso e está enganando a Justiça. Ressalta ainda que a tese de que o empresário seja uma vítima é "ridícula" e reforça que Marcel de Cursi caiu, na verdade, em uma armadilha. 


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“O resultado hoje achei muito positivo. Nosso cliente, Marcel, esclareceu duas coisas fundamentais. Primeiro: nunca houve ameaça alguma. O que se tem na verdade, é ter acolhido uma pessoa que tentou e conseguiu usar o Ministério Público, o Poder Judiciário, para obter, para si, uma vantagem de milhões. O que ficou evidenciado hoje foi uma coisa muito curiosa: é a primeira vez que vejo alguém ficar rico com um crime de que foi vítima. Seria mais ou menos se a gente utilizasse outro exemplo: ficar milionário depois de ter sido refém de um seqüestro. Primeiro caso em que alguém perdeu R$ 2,5 milhões para ganhar R$ 40 milhões. O que é um negócio fabuloso. Eu queria ser vítima assim. Até hoje não consegui encontrar um criminoso que me desce essa oportunidade. Parece que o João Rosa encontrou esse crime aqui no estado de Mato Grosso. É ridícula a imputação. Se tornou ridícula em sua essência. Até porque a ameaça que ele diz ter sofrido. E todos nós ouvimos isso. Ela não poderia existir. Ela não tinha base legal e ele tinha substrato de conhecimento suficiente para saber que aquela ameaça, caso lhe houvesse sido feita, seria uma estupidez. Uma ameaça vã como ameaçar uma criança com a Cuca ou com o Bicho Papão. O que nós tivemos hoje é a prova de um homem que conseguiu enganar o Fisco, o MPE e está conseguindo enganar o judiciário”, avalia Tardelli. 

Questionado se porque Cursi, que tantas vezes exaltou seus conhecimentos na área tributária, tivesse caído em uma araponga de João Batista Rosa, seu advogado rebate:

“Era um amigo dele. Não tinha como prever que estava sendo chamado para uma arapuca. Ele nunca havia sido convidado antes, foi a primeira que João Rosa lhe liga e fala: ‘vem aqui, preciso conversar com você aqui’. Ele foi conversar com um amigo, você vai desarmado, não vai para um confronto, mas para conversar com alguém que estava perturbado, passando por um momento emocional muito difícil, que estava desesperado. Na verdade, podemos entender duas coisas: Ou alguém se utilizou de um homem doente, que é o caso de João Rosa, caso estivesse doente ou João Rosa é um grande dissimulador. Não sou psiquiatra, mas acho que ele é um grande mentiroso”.

Entenda o Caso:

No processo relativo a Operação Sodoma, as investigações versam sobre uma suposta organização criminosa voltada à prática de crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro, por meio de fraudes em incentivos fiscais. Além do ex-governador Silval Barbosa, do ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi e do ex-secretário de Casa Civil, são réus no processo Silvio Cezar Corrêa Araúju, Francisco Andrade de Lima Filho e Karla Cecília de Oliveira Cintra.

Consta da investigação que a antiga Secretaria de Estado da Indústria e Comércio, Minas e Energia (Sicme), atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec), teria concedido incentivos fiscais, via Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic), de forma irregular, para algumas empresas. A irregularidade foi confirmada pelo empresário João Batista Rosa, colaborador (inicialmente delator premiado) no caso e dono da Tractor Partes, que entregou irregularmente a quantia de R$ 2,6 milhões para obter incentivo.
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