Olhar Jurídico

Quinta-feira, 16 de maio de 2024

Notícias | Criminal

Doleira acusa bancos de participarem de evasão de divisas

A doleira Nelma Kodama, condenada a 18 anos de prisão por lavagem de dinheiro e evasão de divisas, disse que a legislação brasileira que regula o mercado financeiro é falha, corrupta e existe “porque há participação dos bancos, das instituições financeiras e do Banco Central”.

Ela disse isso ao responder perguntas do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ).

“De onde vinha o dinheiro usado nas operações? De onde vinha o dinheiro vivo, em papel-moeda?”, perguntou o deputado. “Das próprias instituições financeiras, dos bancos. Do Banco do Brasil, por exemplo, na agência de Rio Branco”, respondeu.

Nelma Kodama está sendo ouvida pela CPI da Petrobras no auditório do Foro da Seção Judiciária do Paraná.

Ela já havia mencionado o nome de um ex-gerente geral do Banco do Brasil que tinha negócios com o doleiro Raul Srour. “Os bancos ganham [com esse esquema] e eu vou detalhar isso na minha delação. Eu tenho documentos que provam que os bancos, os gerentes gerais, estão envolvidos”, disse.

Mudanças na legislação
Diante das respostas da doleira, o deputado Pansera disse que é preciso que a CPI trate também de propostas relativas à legislação do setor financeiro. “A CPI não tem só que botar gente na cadeia. Temos que resolver também problemas de legislação. Estamos vendo aqui um submundo que envolve milhões de reais, que está passando em branco. Qual o maior ativo do [doleiro Alberto] Youssef? O domínio dessa rede, que envolve casas de câmbio”, disse.

Ele deu o exemplo de Iara Galdino, ouvida ontem pela CPI. Ela disse ganhar R$ 20 mil por mês apenas para abrir empresas de fachada para o esquema de Nelma Kodama, e que isso corresponde apenas a uma comissão de 0,5% do valor dos contratos.

Kodama disse que os operadores de câmbio tem conhecimento das brechas do sistema e pretende esclarecer isso em sua delação premiada, ainda em fase de negociação. “Toda essa corrupção, tudo isso que está acontecendo, das empreiteiras, da Petrobras, tem a participação do Banco Central, das instituições financeiras, e se não houver uma mudança na legislação e até se utilizar da gente [porque a gente tem conhecimento das brechas] isso nunca vai terminar”, disse.
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