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Domingo, 28 de abril de 2024

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Início, fim e meio!

Sandra Cristina Alves/Divulgação

“Ouça as pessoas, interesse-se por pessoas. Sorria mais! Ás vezes é tudo meio desesperador, os sentimentos se intensificam e se misturam. Mas enfim, por que não? Que tal ser um pouco maluco beleza?”

Ansiedade, euforia, medo, coragem, desespero e felicidade! Imagine uma situação em que todos estes sentimentos aflorem. Talvez tenha vindo a sua mente um meteoro caindo sobre a terra, e naquele exato momento você abraçando a pessoa que mais ama! É claro que você não seria muito normal caso tivesse pensado nisto!Mas, não. Nem é preciso tal cena cinematográfica ou esquizofrênica para ser possível ver as emoções que citei no semblante de um ser humano. É suficiente uma "confraternização de encerramento"! Ou melhor, aquela festinha de despedida.

Há poucos instantes tive a grata satisfação de participar deste evento. Todo aquele aspecto formal que deveria alinhavar o encontrou se desfez na doçura do sorriso do primeiro a usar a palavra. Dizia ele que não tinha preparado um discurso, já que não se havia previsto tal solenidade, mas mesmo assim - quem dispõe sempre de um plano "B" - sacou do bolso um pequeno papel amarelado, com escritas a mão, para externar seu agradecimento pela convivência com pessoas que lhe somaram de modo incomensurável.

A confraternização foi oferecida para concluir um período de dois anos de atividade - gestão, para os mais técnicos. Neste local específico, hoje é tempo de mudar a gestão. Algumas pessoas saindo, outras chegando. E mais algumas continuam. Isto não importa muito na verdade: quem está chegando está vindo de algum lugar; quem está saindo vai conhecer um novo horizonte; e quem fica, bem, quem fica tem a alegria de viver com quem finda e com quem inicia.
Certo, deixando a filosofia e voltando a minha observação do ambiente. Estive ali olhando tudo e todos por mais um instante. Vi nos olhos da pessoa mais "durona" da reunião um mar de lágrimas, contido e disfarçado, mas estava lá.
Duas colegas grávidas eram a todo tempo contempladas, representavam de forma simples as novas vidas que se aproximam - significavam ali a necessidade de seguir adiante.

Um líder que se despedia daquele local - alçando voos mais altos - falou de forma emocionada sobre o desafio na empreitada dos últimos dois anos. Eu consigo sintetizar suas palavras na frase "fazer a diferença na história através de nossos atos, atos que digam respeito a consideração pelas pessoas!"

Este tipo de encontro é sempre um momento único. Sabe aquela pessoa que você julga antipática e insensível? A voz dela também embargou ao ter que dizer algumas palavras. E aquela outra que primeiro chega e por último sai do trabalho, após ser chamada, caminha acanhadamente até o centro para receber as homenagens devidas.
Esse turbilhão de pensamentos vieram me acompanhando no trajeto do trabalho ao lar. Como a manifestação da vida humana, naquele momento em que baixamos todas as nossas defesas e deixamos vir à tona o aspecto mais sensível de nossa alma, pode ser algo tão fantástico!

Uma emoção de momento: breve, passageira, fulgás! Provavelmente sim. Não nos permitimos viver desarmados e expor nossos sentimentos no dia a dia. Guardamos tudo para os momentos de "confraternização de fim de ano", para as "festas de despedida", para o início disso e o fim daquilo. Sugiro um caminho mais perigoso. Ouça as pessoas, interesse-se por pessoas. Sorria mais! Ás vezes é tudo meio desesperador, os sentimentos se intensificam e se misturam. Mas enfim, por que não? Que tal ser um pouco maluco beleza? "O início, o fim e o meio"!

Sandra Cristina Alves é analista judiciário da Corregedoria do Tribunal de Justiça.
sandrac.alves@terra.com.br

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