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Terça-feira, 08 de outubro de 2024

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INTERCEPTAÇÕES DE MENSAGENS

Membros de suposta organização criminosa, empresários ironizaram importação de mercúrio: 'vida do traficante não é fácil'

Foto: Reprodução

Membros de suposta organização criminosa, empresários ironizaram importação de mercúrio: 'vida do traficante não é fácil'
Em conversas interceptadas pela Polícia Federal, integrantes da suposta organização criminosa brincam e compararam o esquema de importação ilegal de mercúrio para o Brasil com o tráfico internacional de drogas. As conversas estão na análise do material apreendido no âmbito da Operação Hermes (Hg).


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Conforme troca de áudios por meio do WhatsApp no dia 24 de outubro de 2022, um dos líderes do grupo, Arnoldo Veggi – apelidado de “Dodo” – conversa com o empresário Willian Leite Rondon, proprietário da W.R. Engenharia e Construção Eireli e apontado pela PF como um dos financiadores da organização criminosa que promoveu a comercialização ilegal de mercúrio para garimpos no país.

Na ocasião, Dodo informou que tentaria inserir mercúrio dentro de martelos ocos para enviar ao Brasil. Em seguida, Willian respondeu dizendo que “a vida do traficante não é fácil”.

“Ué, pra que vice mandou fazer isso aí, pra que vai usar?”, questionou Willian. “Cara, falar pra você, estou há uma hora andando aqui atrás de um restaurante que tem comida decente e não achei”, respondeu Dodo.
De acordo com a PF, diante dos fatos analisados, ficou evidente que Willian era um financiador ativo do Grupo Veggi, “que tinha total ciência acerca das atividades ilícitas desenvolvidas por Arnoldo e seu coligados na introdução e comercialização do mercúrio ilegal em território nacional”.

Ainda de acordo com as interceptações, Dodo enviou mensagens e fotos explicando para Willian que estava fazendo algumas tentativas de enviar de forma clandestina o mercúrio para o país. Em uma das ocasiões, Arnoldo estava no México tentando enviar o mercúrio misturado com outras substâncias pelo Correio, de forma rudimentar, sem nenhum cuidado com o produto transportado.

“Em algumas oportunidades, o mercúrio vazava e o risco de contaminação aumentava”, apontou a investigação.

A PF ainda afirmou que as diversas tentativas de inserir o mercúrio irregular no país eram acompanhadas por Willian. Em uma das conversas, o proprietário da W.R. Engenharia disse que um pote de mercúrio tinha acabado de chegar da China, para a surpresa de Arnoldo, que é chamado pelo suposto comparsa de “Dodo Escobar”, em alusão ao falecido chefe do narcotráfico internacional, Pablo Escobar.

Confessou

As investigações apontam que Willian chegou a receber quase R$ 1 milhão de Arnoldo Veggi. Ele procurou a Polícia Federal para delatar o esquema, informando que sempre soube que Dodo, apontado como um dos líderes da organização, vendia mercúrio.

Willian teria adquirido importância na organização e ganhou confiança de Arnoldo, passando a ocupar lugar de sócio na administração da logística, financiamento e contabilidade, chegando a se tornar um dos principais fornecedores e compradores, responsável ainda por organizar remessas de mercúrio ilegal importado de outros países.
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