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Segunda-feira, 20 de maio de 2024

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defesa questionada

Filha de verdureiro morto vê desrespeito às famílias em estratégia de advogado que citou caso Valley

Foto: Reprodução

Médica Letícia Bortolini

Médica Letícia Bortolini

Francivania Lucio da Silva, filha do verdureiro Francisco Lucio Maia, morto em acidente envolvendo a médica Letícia Bortolini, protestou nesta quinta-feira (10) contra manifestação da defesa da acusada, que tenta se livrar da possibilidade de passar por júri popular.


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Para se livrar de júri, defesa de Letícia Bortolini cita outro caso, decisão recente que desclassificou acusação contra Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, processada por atropelar e matar duas pessoas em frente à Valley, em Cuiabá.

Advogado afirma que no Caso de Rafaela, assim como no caso de Letícia Bortolini, “as vítimas tiveram singular influência no resultado e não há elementos extraordinários que justifiquem a capitulação dos fatos como crime doloso contra a vida”.
 
Filha do verdureiro, porém, protesta contra a estratégia da defesa. “Gostaria de deixar a nossa indignação, com tamanha hipocrisia de um advogado, para inocentar sua cliente chega a comparar dois casos tão diferentes e ainda vir colocar à tona a dor de várias famílias envolvidas nesses acidentes que ele citou”, argumentou ao Olhar Jurídico por mensagem.
 
Ainda segundo Francivania Lucio da Silva, os contextos são diferentes. “Meu pai não estava dançado na pista, como foi falado no caso dos meninos da Valley, muito menos estava saindo de uma boate, e muito menos foi dada a chance dele tentar atravessar”, salientou. “O caso deles [Valley] não foi uma médica, que omitiu socorro, tendo em vista que se ela [Leticia Bortolini] tivesse parado para ajudar, poderia ser que meu pai estivesse vivo”, complementou Francivania.
 
“É lamentável que, para inocentar uma assassina, nós familiares temos que ficar sempre vendo esse tipo de fala das defesas. Só pedimos que a Justiça seja feita verdadeiramente, e que o juiz, ao dar a decisão, faça valer o seu juramento para que a justiça aconteça da forma que tem que ser feita”.

Crime envolvendo Letícia Bortolini aconteceu em 14 de abril de 2018, por volta das 19h35, na avenida Miguel Sutil, em frente à agência do Banco Itaú do bairro Cidade Verde. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso, a médica, “conduzindo veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool, em velocidade incompatível com o limite permitido para a via, assim como assumindo o risco de produzir o resultado, matou a vítima Francisco Lucio Maia”.
 
Segundo o MPE, após atropelar o verdureiro, a denunciada deixou de prestar socorro imediato à vítima, bem como afastou-se do local do acidente para fugir à responsabilidade civil e penal. Consta, ainda, que Letícia Bortolini, após a prática dos fatos, conduziu veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool. Após atropelar o verdureiro, a ré seguiu na condução do veículo, sob a influência de álcool, operando manobras em zigue-zague até a entrada do seu condomínio, no bairro Jardim Itália, conforme relato de testemunha.
 
Rafaela Screnci é acusada de atropelar Mylena de Lacerda Inocêncio, Ramon Alcides Viveiros e Hya Giroto Santos, causando a morte das duas primeiras vítimas e gravíssimas lesões corporais na terceira. Decisão recente, de outubro, desclassificou acusação, livrando a ré de passar por júri popular, porém, mantendo ação por infrações descritas Código de Trânsito Brasileiro. Magistrado salientou que não se pode ignorar a contribuição das próprias vítimas, em especial por terem desenvolvido comportamentos alheios às regras de trânsito e ao princípio da confiança.
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