Olhar Jurídico

Terça-feira, 14 de maio de 2024

Notícias | Criminal

BOLETIM REGISTRADO NA PF

Juíza que auxilia ministro do STF acusa chefe de petrolífera britânica de xenofobia durante jantar em pizzaria de Cuiabá

Foto: Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso/Reprodução

Juíza que auxilia ministro do STF acusa chefe de petrolífera britânica de xenofobia durante jantar em pizzaria de Cuiabá
A coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, revelou nesta segunda-feira (7) que a juíza federal Clara da Mota Santos Pimenta Alvez, que auxilia o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), foi vítima de agressões verbais de teor xenofóbico proferidas, segundo ela, por um dirigente brasileiro da petrolífera britânica British Petroleum (BP).


Leia mais: 
MPE segue parecer da PF e pede arquivamento de inquérito contra Abílio

O caso teria ocorrido em uma pizzaria de Cuiabá, na última sexta-feira (4). A magistrada afirmou à polícia federal que um advogado e, posteriormente, o dirigente, se aproximaram e fizeram acusações sem provas ao sistema eleitoral, bem como a ofenderam por ela ser baiana.
 
A magistrada, que é baiana, estava acompanhada de suas duas filhas pequenas, que haviam acabado de fazer uma apresentação escolar. Outros pais também estavam no local participando da confraternização.

À Polícia Federal, ela afirmou que um advogado teria se aproximado de sua mesa e proferido acusações, sem provas, de que as eleições deste ano foram fraudadas. Alves defendeu o sistema eleitoral, e uma colega afirmou que ela exercia a função de juíza e atuava no STF.

Segundo o relato da juíza aos policiais, foi então que o chefe da BP no Brasil, Adriano Bastos, também teria se aproximado de sua mesa e dado início às agressões verbais. No boletim de ocorrência registrado, ela diz que o executivo teria atribuído a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Bahia, estado que "não produz nada" e "não possui PIB".

Bastos, segue a magistrada, ainda teria dito que o eleitorado do petista é formado por "assistidos", além de "funcionários públicos" que "não trabalham, não fazem nada".

À polícia, a juíza federal também afirmou que o chefe da BP no Brasil sabia de sua origem baiana e de sua ocupação, já que suas filhas convivem juntas há mais de dois anos. O episódio foi notificado por ela ao compliance da petrolífera. Uma ação na esfera cível também será apresentada. Procurada pela coluna, a petrolífera não respondeu até a publicação deste texto.

A juíza Clara da Mota Santos Pimenta Alves, por sua vez, reafirma à Folha que o dirigente da BP teria sido o autor das ofensas.

"Frise-se que a senhora Clara e suas filhas eram as únicas pessoas de origem baiana no recinto e que a senhora Clara era a única funcionária pública, não havendo quaisquer outros possíveis destinatários das ofensas, proferidas em público, no ambiente de um restaurante, em mesa na qual estavam sentadas cerca de 12 pessoas", diz a notificação enviada pela defesa da juíza ao compliance da empresa britânica.

No documento, a magistrada diz que a suposta postura do executivo fere o código de conduta e os princípios éticos da petrolífera em que trabalha —e pede que ele seja responsabilizado.

Alves também afirma que os xingamentos relatados podem configurar injúria qualificada por conter elementos referentes à sua origem regional.

"O Brasil vive, atualmente, um ambiente de crise democrática em que setores da sociedade, notadamente ligados à extrema direta, questionam o resultado das eleições em que foram derrotados bem como à legitimidade do voto daqueles que votaram no candidato vencedor", diz a notificação enviada pela defesa da juíza à BP.

"Nesse contexto, e em linha com seus códigos de conduta, a companhia deve, por meio de seus canais internos de denúncia e compliance, adotar as medidas cabíveis para interromper episódios discriminatórios e prevenir novas investidas do seu 'head of country' [chefe nacional] no Brasil", afirma.
 
 
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet