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Sexta-feira, 10 de maio de 2024

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DÍVIDA DE R$ 33 MILHÕES

Produtor pede recuperação judicial e cita banco fundado por Paulo Guedes como um dos motivos da crise

Foto: Ilustração/Canal Rural

Produtor pede recuperação judicial e cita banco fundado por Paulo Guedes como um dos motivos da crise
O agrônomo e produtor rural de Campo Verde Adair Cristóvão da Rocha pediu recuperação judicial por dívidas de R$ 33 milhões. Um dos motivos apontados pelo produtor como causa da crise seria um processo judicial no qual o Banco BTG Pactual S.A., fundado por Paulo Guedes, arrematou área arrendada nas terras em que ele exercia suas atividades agrícolas.


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A 4ª Vara Cível de Rondonópolis, onde tramita o processo da RJ, publicou despacho na última sexta-feira (4), informando que Adair apresentou o plano e publicou a lista dos 39 credores, que totalizaram o valor da causa em R$ 32.308.170,92, bem como a lista de créditos não sujeitas à RJ, que contam com cinco bancos, uma cooperativa mista de desenvolvimento e a procuradoria geral da fazenda nacional, totalizando R$ 720.194,17. No total, o valor da causa alcançou os R$ 33. 028.365,09.
 
Cristóvão da Rocha enfatizou no plano de recuperação que se formou em agronomia em 2008 e, logo após a sua graduação, no intuito de adquirir experiência na área profissional, retornou ao Município de Campo Verde/MT, ocasião em que desenvolveu atividades como engenheiro agrônomo em fazendas localizadas nos arredores do município.

Em 2014, em razão da expertise que adquiriu durante o tempo que trabalhou com seus familiares, bem como em razão do crescimento estruturado da atividade rural, Cristóvão estava exercendo o plantio, cultivo e colheita de grãos numa área de mais de 1000 hectares.

Apesar do crescimento considerável nos primeiros anos de atividade, o ano de 2015 trouxe os primeiros problemas nas atividades agrícolas exercida por ele, em razão de seca severa registrada naquele ano.  Por conta da condição climática desfavorável, houve queda na produção em comparação com os outros anos, o que gerou condições adversas nas safras.

Superado, momentaneamente, o prejuízo das safras de 2014/2015 e 2015/2016, Cristóvão, celebrou parcerias agrícolas e conseguiu desenvolver e expandir seu negócio mediante contrato para arrendamento de área agricultável, ocasião em que houve o aumento expressivo de 1000 hectares para 5000 hectares de área plantada.

Nesse contexto de expansão dos negócios, o produtor teve que fazer forte investimento na aquisição de novos maquinários e insumos agrícolas para realizar a calagem e fosfatagem do solo, o que ajudou estrangular o seu planejamento financeiro.
 
No plano apresentado à justiça foi enfatizado que, após todo o aporte financeiro investido, Cristóvão foi surpreendido negativamente em decorrência de processo judicial no qual foi arrematado, em 2018, pelo BANCO BTG PACTUAL S.A. a área arrendada em que exercia suas atividades.

Diante disso, o BANCO BTG PACTUAL S.A. propôs ao produtor uma nova parceria agrícola, de modo a dar continuidade na exploração da mesma área arrendada. Foi previsto inicialmente que o pagamento seria o valor equivalente a duas sacas de soja de 60 quilos por hectare de terra agricultável durante toda a vigência da parceria – três anos.

Porém, no começo de 2019, de “forma inescrupulosa”, o dito “parceiro agrícola” promoveu alterações de forma unilateral nas condições originárias, afetando diretamente o pagamento à titulo de distribuição dos frutos da parceria. Na ocasião, os valores passaram de duas para 10 sacas de soja de 60 quilos por hectare de terra agricultável, “circunstância essa que onerou seriamente o fluxo de caixa” de Cristóvão.

Diante do revés junto ao BTG, Cristóvão tentou reequilibrar as finanças de sua produção e decidiu investir no plantio de algodão. Porém, novamente o retorno esperado não chegou por conta das variações climáticas que geraram condições adversas na colheita das safras 2019/20.  

No plano, Cristóvão e seus advogados ainda citaram a alta do dólar, que ensejou aumento no custo da produção levanto em conta a limitação de crédito no mercado. Diante disso, o produtor ainda acreditando no potencial de seus negócios, levando em conta que a economia pudesse recuperar a retração ocorrida nos anos que se passaram, sofreu novo baque: desta vez, a pandemia da Covid-19 corroboraram com o processo de crise e endividamento.

Diante desse cenário, Cristóvão empenhou todas as formas de estabilizar seu negócio, reduzir os custos e despesas mas, ainda assim, o lucro não foi suficiente para manter os resultados esperados, nem cumprir seus compromisso.

Por isso, “não resta outra alternativa senão a de ingressar com o presente pedido de Recuperação Judicial, visando o deferimento do processo, já que é única forma encontrada no momento de repactuar as suas dívidas com seus credores e colaboradores, cumprindo a sua função social e gerando riquezas para a sociedade, como vem fazendo há anos”.

“Assim, o Requerente atribui, a causa, o valor da lista de credores que pretendem negociar (excetuando-se as dívidas tributárias e outras que não adentram a recuperação judicial), portanto, o valor da causa tem o patamar de R$ 31.358.284,41 (trinta e um milhões, trezentos e cinquenta e oito mil, duzentos e oitenta e quatro reais e quarenta e um centavos)”, completou a defesa no pedido de Recuperação Judicial.

Fora do BTG Pactual desde 1997, Paulo Guedes é conhecido por ser um “Chicago Boy” – alcunha dada aos estudantes da Universidade de Chicago (EUA), um dos berços do neoliberalismo mundial.

Mesmo sem estar no comando da instituição financeira, Guedes atuou como Ministro da Economia do presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi apontado como responsável por  autorizar que o Banco do Brasil favorecesse o BTG e na venda de créditos por valores abaixo do mercado.

Em resumo o BTG Pactual comprou R$ 3 bilhões de créditos públicos por 10% do seu valor, R$ 300 mil. Estes créditos públicos não tiveram sua origem divulgada, faltando transparência.
 
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