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SODOMA

Silval montou equipe com propósitos criminosos; "transformou Estado em fonte de enriquecimento”

19 Dez 2017 - 14:10

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Silval da Cunha Barbosa

Silval da Cunha Barbosa

O ex-governador do Estado, Silval da Cunha Barbosa, compôs sua equipe de governo já com propósitos criminosos, reconhece a juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, em sua primeira sentença pela “Operação Sodoma”.


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A aterradora informação partiu do próprio réu, durante interrogatório conduzido pelo Ministério Público e que ensejou seu acordo de colaboração premiada.

Perguntado, certa feita, se compôs o staff do secretariado com pessoas de confiança já pensando em conseguir caixa para pagar dívidas de campanha, Silval Barbosa respondeu que sim. “Você cria a situação no decorrer da gestão”.

“Indagado se nas chefias dessas secretarias se foram lotados pessoas que auxiliariam a levantar esses valores, respondeu que ela era colocada, é como sempre conversavam, o secretário aceitando, ficava no posto. Era cargo de extrema confiança os secretários que estavam ali e que participavam dessas situações”, termo que usou para designar os esquemas criminosos da Sodoma.

Para o MP, não resta dúvidas. “A organização criminosa era liderada pelo então Governador Silval da Cunha Barbosa, que compôs seu staff com propósitos criminosos, alocando comparsas em cargos estratégicos com o objetivo de capitalizar a organização, mediante a obtenção de recursos por meios ilícitos de modo a promover uma verdadeira sangria nos cofres públicos de Mato Grosso”.

Engrenagem Criminosa:

Sobre o funcionamento da organização criminosa de Silval, a juíza avalia. "Aponto que nas circunstâncias em que se instalou esta organização criminosa não era mesmo de se esperar que seus membros soubessem detalhadamente da participação de cada um. Os cargos que ocupavam, de grande importância política e administrativa no Estado de Mato Grosso realmente não permitiriam que tais pessoas se envolvessem com minúcias, detalhes, questões operacionais menores. Tudo se resolvia como em uma engrenagem, da qual cada um executava sua função no enredo criminoso". 

Já no tópico da dosimetria das penas, onde a magistrada informa quanto tempo de prisão cada um terá, Selma Arruda faz uma longa avaliação negativa da conduta do ex-governador:

“O condenado Silvai da Cunha Barbosa trilhou longa carreira política, já tendo ocupado o cargo de Governador do Estado por duas ocasiões, tinha o apoio maciço da população mato-grossense e era político de grande expressão neste Estado. Porém, apesar de tamanha responsabilidade social optou por agir contra a população que o apoiava, contra a moralidade da Administração Pública e contra o patrimônio do empresário, advindo do beneficio fiscal que lhe foi concedido. Dedicou-se durante bom tempo apenas a saldar dívidas de campanha mediante recebimento de propinas e, com isso, comprometeu sua honra e sua imagem pública. Durante anos trabalhou contra a sociedade e a favor apenas de seus interesses pessoais”.

Em seguida, a juíza cita novamente a formação de um staff de governo voltado para a prática criminosa. Silval “colocou em posições-chave do Governo do Estado pessoas que tinham os mesmos planos sórdidos, de modo que bastava dar uma ordem para que milhões de reais aparecessem à sua disposição. Transformou a máquina estatal em fonte (quase) inesgotável de enriquecimento”.
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