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Terça-feira, 14 de maio de 2024

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legalidade na contratação

Ministério Público do Trabalho abre inquérito civil para investigar o programa “Mais Médicos”

Cinquenta médicos cubanos selecionados pelo programa do governo federal Mais Médicos desembarcaram no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador

Cinquenta médicos cubanos selecionados pelo programa do governo federal Mais Médicos desembarcaram no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador

O programa “Mais Médicos” do Governo Federal é alvo de um inquérito civil do Ministério Público do Trabalho (MPT), o procedimento foi instaurado nesta quarta-feira (28). O inquérito foi motivado por vários questionamentos levantados desde a divulgação do programa do com relação a eventuais descumprimentos à legislação trabalhista.



Na próxima sexta (30) deve ocorrer a primeira audiência na investigação, com representantes do Ministério da Educação e da Saúde. A investigação está sob responsabilidade da Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região (DF).

Entre os pontos a serem analisados pelo MPT está a caracterização do programa na MP 621/13 como de formação médica, com previsão de pagamento de bolsas, enquanto que a divulgação do programa pelo próprio governo federal afirma que os profissionais serão contratados para atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Muitos médicos que vão participar do programa têm mestrado e doutorado. Então, é preciso esclarecer essas dúvidas quanto à forma de arregimentação de mão de obra para a saúde e o vínculo desses profissionais com o SUS”, afirmou o procurador do Trabalho Sebastião Caixeta, à frente do inquérito.

A isonomia salarial é questão que tem sido levantada principalmente com relação aos médicos cubanos. Conforme divulgação da imprensa, a ser apurada no inquérito, os profissionais não receberiam integralmente o valor a ser liberado pelo governo brasileiro. A maior parte ficaria com o governo de Cuba.

O acordo para a vinda dos médicos também passará por investigação, uma vez que foi assinado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde, que irá repassar os recursos ao governo cubano e daí para os médicos participantes do programa. “Precisamos investigar melhor essa triangulação”, afirmou Caixeta.

Ele afirmou que a convocação de representantes dos dois ministérios se dá porque a Medida Provisória 621/13, que criou o programa, prevê que ambos são gestores do Mais Médicos. Também serão requisitados documentos relativos aos convênios firmados para a viabilidade do programa.

O procurador destacou que o MPT reconhece que o governo está promovendo um esforço para cumprir a Constituição Federal, que determina a garantia do direito à saúde, mas que ao fazer isso é preciso também respeitar outros princípios e mandamentos constitucionais.

Entre os princípios constitucionais a serem observados conjuntamente com o do direito à saúde está a relação de trabalho. “Uma medida provisória não pode arbitrariamente o que é e não é relação de trabalho”, comentou o procurador. Caixeta também cita o princípio da isonomia. “Nas mesmas condições, os prestadores de serviço devem receber os mesmos salários.”
 

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