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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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'ERA BARATO DEMAIS'

Acusado de liderar esquema que sonegou milhões confessa em mensagem que já faturou R$ 50 mil vendendo ecstasy

Foto: Reprodução

Acusado de liderar esquema que sonegou milhões confessa em mensagem que já faturou R$ 50 mil vendendo ecstasy
Preso acusado de liderar esquema que sonegou mais de R$ 300 milhões em ICMS, Bruno Cicaroni Alberici confessou ao delator Alexsandro Silva que traficou ecstasy no ano de 2015, e que encomendava lotes do entorpecente de Goiânia, faturando entre R$ 40 mil e R$ 50 mil mensais. A informação foi revelada na decisão que autorizou as operações deflagradas pela Delegacia Fazendária nesta quarta-feira (31), proferida pela juíza Helícia Vitti Lourenço, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo).

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“Era barato demais lá em Goiânia, custava 7 reais lá, vendia por 25 aqui, chegava vendia tudo, fazia 40...50 mil em um mês. A gente achava não é nada, balinha, balinha, porra não é droga... né nada, negócio de droguinha de playboy... essa que dá o B.O., tráfico internacional jovem. E o pior de tudo é que foi a segunda vez que nós pedimos. A primeira passou, a segunda o motorista foi trazer os cachorros entrou no busão achou a droga”, disse Bruno à Alexsandro.

Bruno foi apontado como líder do grupo, tendo sido delatado pelo empresário Alexsandro de Souza Silva, que também participou da empreitada. Segundo as investigações, a liderança de Alberici foi revelada diante de sua postura de negociação e oferecimento de parceria nas empresas que eram constituídas de fachada. Ele foi preso na manhã desta quarta-feira (31).

Outro ponto destacado foi a identificação do numeral utilizado nas mensagens interceptadas, como sendo de Bruno. Transferências bancárias com dados informados por Bruno foram flagrados pelas investigações por meio das conversas interceptadas entre ele e o delator.

“Nos quais o colaborador realiza transferências bancárias com os dados informados por BRUNO e envia o comprovante de transferência em sua conta”.

No relatório que transcreveu os diálogos, Alberici chega a enviar um link de site de notícias informando sobre operações de combate às empresas de fachada espalhadas pelo país.

Receoso e preocupado que pudesse entrar na mira das ações, ele disse ao delator que estava “cabreiro” e que não iria “ficar boiando em Cuiabá”. Cinco dias depois, ele enviou sua localização nos Estados Unidos para Alexsandro.
 
Operações

Bruno foi alvo das operações Déja Vu e Odisseia, deflagradas pela Delegacia Fazendária e pela 14ª Promotoria de Justiça. Ao todo, os agentes cumpriram medidas cautelares contra seis pessoas e cinco empresas. Três mandados de prisão foram expedidos.
 
Foram alvos de mandado de prisão: o advogado Elisandro Nunes Bueno e os empresários Bruno Cicaroni Alberici e Mário Teixeira Santos da Silva. Esse último não se encontrava em sua residência no momento da operação e a medida cautelar não foi cumprida. O trio também foi alvo de busca e apreensão.
 
Edenilton Balbino Costa, Solange da Silva Lima (prestava auxilio contábil) e Edgleyton Barbosa da Silva (advogado) tiveram as contas bancárias bloqueadas. Eles são suspeitos de participarem de dois grupos criminosos que causaram prejuízos aos cofres públicos que ultrapassam os R$ 370 milhões, por meio de diversas fraudes fiscais relacionadas ao ICMS.
 
Os policiais também cumpriram mandados nas empresas: Inova Agro Ltda, MFC Participações Ltda e MTSS Holding Ltda, ligadas a Mário Andrade Teixeira Santos da Silva. Já a Exportagro Indústria Brasileira Ltda e a Trans-Agro Transporte e Logística Agropecuária Ltda possuem ligação com Bruno Cicaroni Alberici.
 
Participam da operação agentes do Ministério Público (MPE) com o apoio da Secretaria de Fazenda do Estado (Sefaz). A atuação está alinhada ao planejamento estratégico do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), com atuação integrada de diversos órgãos estatais.
 
Além dos mandados de prisão, foram expedidos pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) sequestro de bens e mandados de busca e apreensão. Os fatos investigados foram analisados pela Defaz e pela 14ª Promotoria de Justiça, que peticionaram ao Poder Judiciário pelas medidas cautelares.
 
Além da criação de diversas empresas de fachada, na operação Odisseia ficou constatado que o grupo criminoso se valeu de ardil para induzir ao erro o Poder Judiciário, obtendo liminares indevidas, com o escopo de fraudar a fiscalização e lesar os cofres públicos.
 
Na mesma operação, foi observada a utilização de dados cadastrais de contadores já falecidos, fato que tinha o objetivo de dificultar e responsabilizar o verdadeiro responsável contábil que operava para a organização criminosa.
 
Já na operação Déjà vu, assim como na operação Odisseia, identificou-se a criação de diversas empresas registradas em nome de laranjas, com a intenção de viabilizar a sonegação de impostos, muito provavelmente mascarando a origem real dos produtos e o produtor rural responsável de fato pela expedição da nota fiscal.
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