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OPERAÇÃO CÉLULA MÃE

Riva diz não saber o nome de sua "casa de apoio" mas promete revelar quem a mantinha financeiramente

23 Fev 2016 - 10:13

Da Reportagem Local - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

José Riva e seu ex-chefe de gabinete, Geraldo Lauro

José Riva e seu ex-chefe de gabinete, Geraldo Lauro

Das testemunhas que trabalharam com ex-deputado José Riva e seus chefes de gabinete, Geraldo Lauro e Maria Helena Caramelo, os elogios são rasgados. Na audiência de um dos processos oriundos da “Operação Célula Mãe”, retomada na última segunda-feira (23), no Fórum da Capital, as falas giraram entorno da “casa de apoio”, que serviria, segundo testemunhas, para prover benesses a populares que clamavam por ajuda do "pai dos pobres", como Riva era conhecido no interior. Mas a pergunta do Ministério Público Estadual (MPE) pairou no ar e não foi respondida: Quem, afinal, mantinha esse serviço? À imprensa, Riva faz suspense e diz que no momento certo irá revelar. 

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O promotor Marcos Bulhões insistiu, mas foi embora sem respostas. Benedito Kleber Figueiredo, testemunha que atualmente atua no atendimento ao público na Assembleia Legislativa trabalhou muito tempo sob comando de Riva. Revela que pedidos de ajuda em “questões sociais”, como formaturas e caminhadas religiosas, eram bastante comuns. Ainda, Riva ofereceria “socorro imediato” a casos de ajuda financeira.

José Antunes de França, atualmente funcionário de gabinete de Janaína Riva (PMDB) e ex-prefeito de Castanheiras, revela já ter recorrido ao gabinete de Riva para inserir pacientes de sua cidade à “casa de apoio”. Explica que a demanda era de 100 pessoas ao dia e ao MPE afirmou, com bastante propriedade, que os atendimentos eram feitos quando “haviam recursos”, e que, quando não, os pedidos eram denegados. Perguntado que "recurso" era esse, não sabe afirmar, mas diz que o dinheiro às vezes saia do bolso do próprio deputado Riva. Ele não sabe dizer quem financiava a "casa de apoio". Mas, posteriomente, supôs que as "verbas de suprimento" (objeto da ação) serviam para pedidos dessa natureza, assistencialista.

Ao fim das oitivas, a dúvida era a mesma entre todos os presentes na sala de audiências. O que era, efetivamente, essa casa de apoio, qual seu nome e quem a mantinha? Riva explica. “Eu não sei o nome, mas sei que havia casa de apoio que, com certeza, as pessoas ficavam. Pessoas carentes que não encontravam apoio no SUS, que às vezes, por omissão do estado, deixava de se atender. Era uma casa de apoio, não sei o nome dela. É que nem a questão das massagistas, ninguém até agora teve coragem de dizer que tinha um programa chamado ‘Qualivida’, que essas massagistas eram cegas, contratadas pelo Instituto de Cegos, para fazer essa semana de massagem. Era um trabalho que era desenvolvido pela AL”.

Questionado sobre quem mantinha financeiramente essa “casa”, Riva vagamente responde. “Várias instituições, não só deputados que às vezes colocavam pessoas lá, tinham outras pessoas que colocavam. Às vezes a pessoa procurava por conta própria. Cuiabá está cheia de casa de apoio”.

Perguntado se as verbas de suprimento financiavam o “trabalho social”, Riva adianta que nas próximas audiências isso será explicado. “Essa verba de suprimento nós vamos mostrar no nosso interrogatório, como era usado. Tenho certeza que a sociedade vai saber que não houve desvio de um centavo. Pelo contrário, não teve dinheiro mais bem utilizado, bem do público que esse”. Porém, perguntado de onde tirava dinheiro para manter a “casa”, Riva faz suspense: “No dia 28 você vai saber. No dia do interrogatório”.

Agenda:

Está agendada para esta quarta-feira (24) audiências com o deputado Mauro Savi (PR) e a ex-servidora da Assembleia, Marisol Castro Sodré, denunciada no esquema pelo MPE.

No dia 18 de março outras testemunhas serão ouvidas.

Finalmente, no dia 28 de março todos os réus serão inquiridos.
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