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Defesa alega que "juízes não são celebridades" e pede soltura de apoiador de prefeito que fechou magistrada no trânsito

Da Redação - Pedro Coutinho

Defesa de Adriano Fabrício, colaborador da campanha de Alei Fernandes (União), eleito prefeito de Sorriso, ajuizou habeas corpus no Tribunal de Justiça pedindo a revogação da sua prisão preventiva. Fabrício foi preso no último sábado (5) por intimidar a juíza eleitoral Emanuelle Navarro, em um incidente ocorrido no trânsito no dia anterior.

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Adriano foi filmado por câmeras de segurança em um ato que envolveu a abordagem agressiva do veículo da magistrada, que estava sozinha e trafegava em um SUV. Nas imagens, Adriano é visto fechando o carro da juíza com sua caminhonete Dodge Ram e, em seguida, caminhando até o veículo da vítima, abrindo a porta com violência e encerrando a conversa momentos depois.

A prisão do acusado, confirmada pelo delegado Bruno França, foi realizada após Fabrício se apresentar voluntariamente na delegacia, ao perceber a repercussão do caso. De acordo com o próprio Fabrício, ele interpelou a magistrada após vê-la retirando bandeiras do seu candidato de uma rotatória. Sem saber que ela era juíza, ele a intimidou fechando seu veículo no trânsito.

O pedido de habeas corpus, apresentado pela defesa de Adriano, alegou que a prisão foi realizada de forma irregular, apontando incompetência da autoridade que decretou a detenção.

A defesa argumentou que o caso deveria ter sido comunicado ao Núcleo I, responsável pelas Zonas Eleitorais ímpares, como é o caso da 43ª Zona Eleitoral de Sorriso.

Além disso, a defesa argumentou que a ação de Fabrício não indicava clara intenção de intimidar a magistrada por ela ser uma autoridade judicial, sustentando que ele desconhecia sua identidade no momento do ocorrido. Nesse sentido, argumentou que “juízes não são celebridades”.

Também pontuou que não havia elementos concretos para justificar a prisão preventiva do acusado, uma vez que o caso se tratava de um evento isolado, e que não havia indícios suficientes para confirmar a prática de crimes graves, como resistência ou embaraço à Justiça Eleitoral.

O caso gerou grande repercussão no município de Sorriso e em todo o estado de Mato Grosso, especialmente pelo momento eleitoral. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu uma nota de solidariedade à juíza Emanuelle Navarro, enfatizando a gravidade da situação e defendendo que a integridade do processo democrático deve ser preservada.

Diante disso, a defesa de Adriano, patrocinada pelos advogados Ulisses Rabaneda e Renan Rocha Santos, pediu a revogação da sua prisão preventiva, ou a substituição por medidas cautelares.
 
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