O juiz Alexandre Ferreira Mendes Neto, da 51ª Zona Eleitoral, tornou réu o vereador Marcrean Santos (PP), atual secretário de habitação de Cuiabá, ao receber a denúncia que o Ministério Público moveu contra ele por ter, supostamente, praticado boca de urna no segundo turno das eleições de 2020.
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Conforme o Ministério Público Eleitoral (MPE), inquérito policial deu conta que no dia 29 de novembro de 2020, por volta das 07h59min, em frente à Escola Municipal Orlando Nigro, local de votação situada no bairro Pedregal, em Cuiabá, data em que se realizou o 2º Turno das Eleições 2020, o denunciado Marcrean dos Santos Silva arregimentava eleitores e com eles praticava boca de urna, com vista a conquistar votos em favor de Emanuel Pinheiro, candidato à reeleição na época.
Conforme representação criminal, no dia dos fatos, fiscal da coligação 19, do então candidato Abílio Júnior, percebeu que Marcrean estava nas proximidades abordando pessoas com pedidos de votos ao candidato Emanuel Pinheiro (coligação 15), motivo pelo qual acionou a presença de policiais.
“Extrai-se que, após terem chegado no local e durante a abordagem ao denunciado Marcrean, os agentes de segurança presenciaram o momento em que um idoso solicitou a Marcrean um veículo para transportá-lo de volta a sua residência, o qual foi prontamente atendido pelo denunciado, que na ocasião, determinou que o denunciado Oreste transportasse o idoso; consta que os policiais visualizaram o momento em que um veículo S10, placa OBI-6540, de cor branca, saía do local transportando referido idoso”, diz trecho da denúncia.
Interrogado, Marcrean negou os fatos, admitindo que tem relação política com Emanuel Pinheiro e que apoiou a campanha em 2020, mas negou que ele tivesse pedido para angariar votos em seu favor.
Disse ainda que estava no local e foi abordado por moradores da região por ser conhecido no local e negou conhecimento acerca da camionete S10, e que atendeu um pedido de carona de Odelino, seu vizinho, e idoso com capacidade locomoção reduzida e que não houve pedido ou contraprestação relacionado a carona que foi realizada em seu veículo Onix.
Emanuel Pinheiro também foi ouvido, oportunidade em que admitiu que possui relações políticas com Marcrean e que o denunciado o apoio em sua campanha eleitoral à reeleição em 2020, mas que o vereador não trabalhou na campanha, afirmando que não possui envolvimento com os fatos relatados no boletim de ocorrência e que só tomou conhecimento pela mídia.
Diante dos fatos, o magistrado resolveu por receber a denúncia e proferiu: “havendo nos autos indícios suficientes de autoria e materialidade delitiva, recebo a denúncia na forma em que posta em juízo, vez que preenchidos os requisitos do artigo 357, §2º, do Código Eleitoral”, determinou o magistrado. Ele ainda citou Marcrean para que, em dez dias, responda às acusações.