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Leonardo faz apelo em grupo de WhatsApp após Comissão Nacional pedir sua exclusão da OAB

Da Redação - Érika Oliveira

O presidente afastado da Seccional de Mato Grosso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), advogado Leonardo Campos, encaminhou mensagem em um grupo de WhatsApp no qual estão presidentes da Ordem em outros estados criticando um suposto parecer da Comissão Nacional da Mulher Advogada pedindo sua suspensão preventiva e exclusão dos quadros da OAB. O ato dependeria da assinatura de tais presidentes. Leonardo foi detido durante a noite do dia 27 de maio, após ser enquadrado pela Lei Maria da Penha.
 
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“Quanto a isso, fica meu profundo sentimento de injustiça! Primeiro porque a comissão nacional sequer se dignou a me ouvir, não promoveu uma diligência sequer, mas apenas pediu, sumária e prontamente, minha exclusão dos quadros da OAB pela prática contestada de uma injúria. Segundo que o “parecer” citou reportagens diversas, como se elas fossem verdades absolutas, levando a efeito dentro da OAB aquilo que sempre repugnamos da porta para fora, os julgamentos sumários pela imprensa. O “parecer” ignorou diversos elementos que contrastam a alegação de violência de minha parte, sendo mais um libelo acusatório”, disse Leonardo, na referida mensagem.
 
Procurada pela reportagem, a assessoria de Leonardo Campos disse que o conteúdo foi vazado de um grupo de WhatsApp e que o objetivo do advogado era informar aos colegas o que havia acontecido. Leonardo não quis comentar o assunto.
 
Na noite de ontem (31) Leonardo publicou nas redes sociais um comunicado informando que protocolou um pedido de licença da OAB-MT de 30 dias para tratar de assuntos particulares. Ele também disse que protocolou um expediente para que a OAB-MT decida sobre o caso, como entender mais adequado.
 
Entenda o caso
 
Leonardo Campos foi preso na noite do último dia 27 de maio em um episódio de violência doméstica contra sua mulher, a também advogada Luciana Póvoas. Em depoimento à delegada Jannira Laranjeira, a vítima relatou que Leonardo estaria demorando para retornar para casa. Preocupada, ligou e enviou várias mensagens pelo WhatsApp.  
 
Por volta das 22 horas, Leonardo chegou em casa, segundo ela, embriagado. Com medo, pois ele possui uma arma de fogo na residência, Luciana teria pedido para que ele fosse embora. Ainda naquela noite, Luciana também teria questionado onde Leonardo estava, o que teria motivado ele a lhe dar um "empurrão", conforme descreve o depoimento.
 
Ainda no depoimento, Luciana conta que nunca sofreu ameaças de morte, mas as agressões físicas e psicológicas eram constantes, o que teria motivado o término do casamento. Por querer manter o padrão de vida do filho de 17 anos, ela afirma que teria “superado” os episódios anteriores de violência praticados por Leonardo.
 
O juiz Jamilson Haddad Campos, titular da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, concedeu liberdade a Leonardo Campos, impondo três medidas protetivas. Após ser liberado, o advogado emitiu nota, afirmando que não houve agressão. No domingo (31), Campos informou via rede social que havia pedido afastamento por 30 dias da OAB.
 
Veja a íntegra da mensagem:
 
Meus amigos e irmãos Presidentes,
 
A última semana foi muito triste para mim, minha família, e, consequentemente para a OAB/MT, que acabou sofrendo uma série de ataques por aqueles que desejam nos fragilizar. Uma discussão com minha esposa que acabou na delegacia se transformou para muitos a oportunidade de me julgar sumariamente, sem conhecer o que realmente se passa por aqui. Os fatos foram classificados na delegacia como injúria, sendo que posso afirmar e reafirmar que nunca existiu agressão física no seio da minha família.
 
Ainda na delegacia, a minha esposa foi acompanhada pela Presidente do Conselho  Estadual de Direitos da Mulher, advogada Glaucia Amaral. Além dela, outras advogadas lá estiveram a meu pedido, para que Luciana não ficasse desamparada.
 
No decorrer do procedimento na delegacia, partiu de mim o pedido para que fosse requerido ao Judiciário, em favor da minha esposa, medidas protetivas, para que houvesse tranquilidade por parte dela e a certeza por parte de todos de que a investigação iria transcorrer com normalidade.
 
Além disso, protocolei na OAB/MT, tanto na diretoria, quanto na Comissão Estadual da Mulher Advogada, expedientes para apuração dos fatos e regular acompanhamento das providências, visando total transparência e averiguação, me submetendo aos meus pares. Da mesma forma o fiz  perante o CFOAB.
 
Ainda na sexta-feira protocolei na OAB/MT um pedido de licença da Presidência da Seccional, pelo prazo de 30 dias, o que me permitirá cuidar de esclarecer os fatos, bem como que haja uma apuração isenta e completa.
 
Faço esses esclarecimentos em respeito absoluto a esse colegiado, bem como a OAB.
 
Por outro lado, tomei conhecimento que está circulando um “parecer” da Comissão Nacional da Mulher Advogada pedindo minha suspensão preventiva e exclusão dos quadros da OAB. Segundo soube, o objetivo é ter a adesão das Comissões nas Seccionais, com as respectivas assinaturas. Quanto a isso, fica meu profundo sentimento de injustiça!
 
Primeiro porque a comissão nacional sequer se dignou a me ouvir, não promoveu uma diligência sequer, mas apenas pediu, sumária e prontamente, minha exclusão dos quadros da OAB pela prática contestada de uma injúria. Segundo que o “parecer” citou reportagens diversas, como se elas fossem verdades absolutas, levando a efeito dentro da OAB aquilo que sempre repugnamos da porta para fora, os julgamentos sumários pela imprensa. O “parecer” ignorou diversos elementos que contrastam a alegação de violência de minha parte, sendo mais um libelo acusatório.
 
Enfim, a Comissão Nacional da Mulher Advogada, a pretexto de defender as importantes e imprescindíveis pautas feministas, olvidou-se de que o contraditório é o mais básico dos direitos, que não deve ser sonegado a absolutamente ninguém. É ele quem legitima todas as ações punitivas, desde a mais simples, à mais grave das condutas.
 
Como todos vocês, Presidentes de Seccionais e homens de caráter, sempre lutei e continuarei lutando para a erradicação da violência doméstica.
 
Estarei, ao menos nos próximos 30 dias, cuidando de mim e da minha família. Quero que tudo se esclareça o mais rápido possível e que esse momento de dor realmente passe.
 
Fraterno abraço,
 
Leonardo Campos.
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