O Grupo Nayr Transportes, do município de Paranatinga (a 373 km de Cuiabá), deu entrada no pedido de Recuperação Judicial (RJ) para negociar o passivo de aproximadamente R$ 30 milhões. Com quase dez anos no setor de transporte de minérios e produtos agrícolas, a empresa, que atua nas principais regiões produtoras de calcário e de grãos de Mato Grosso, disse que entrou em crise após o crescimento dos negócios, por causa da forte concorrência e falta de mão-de-obra. O processamento da RJ já foi deferido pela Justiça.
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De acordo com o histórico da empresa protocolado na Justiça, as atividades tiveram início em 2011 com a intermediação do transporte de calcário. Com o crescimento da demanda, a empresa passou a ter frota própria e a atuar também com o transporte de grãos e abriu filiais nos municípios de Gaúcha do Norte e Primavera do Leste.
A crise acometeu o Grupo quando foram abertos novos escritórios em Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e Matupá. Devido à forte concorrência e à falta de mão-de-obra, a empresa precisou voltar atrás e manter somente a matriz e as filiais constituídas em Gaúcha e em Primavera.
O advogado da Nayr Transporter, Antônio Frange Júnior, explica que a empresa ampliou a frota e para expandir a atuação para outras regiões do Estado, mas não dimensionou o crescimento das concorrentes também.
“A política de incentivo do governo no passado acabou por inchar o setor de transportes de carga, que vem atravessando um período de crise devido ao baixo valor do frete e alto custo para circulação dos veículos. Muitas empresas que compraram caminhões com taxas de juros até então atrativas, estão buscando alternativas para se manterem no mercado e o Grupo Nayr é um exemplo”.
De acordo com o advogado, o Grupo Nayr tem condições de retomar sua capacidade de investimento, mas precisa de prazo para repor caixa e então pagar suas dívidas.
“Buscando pagar as prestações dos veículos adquiridos, a empresa contratou empréstimos junto a instituições financeiras. Mas as elevadas taxas de juros inviabilizam o pagamento do passivo que aumenta em níveis exorbitantes”, explica Antônio Frange Júnior.
O juiz Fabricio Savio da Veiga Carlota, da 1ª Vara Cível de Paranatinga, deferiu nesta terça-feira (12) o processamento da Recuperação Judicial, dando prazo de 60 dias para que a empresa apresente o plano de recuperação, sob pena de convolação em falência. Ele também ordenou a suspensão de todas as execuções e ações contra a transportadora.
O Grupo Nayr Transportes afirma que, com o deferimento da RJ, poderá manter suas atividades e seu quadro de funcionários. “Eles vão negociar as dívidas com prazo e taxa de juros justos e em acordo com a capacidade do caixa da empresa”, afirma o advogado.