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Procurador que investiga grampos diz que não aceita ‘pão amanhecido’ como delação

Da Redação - Arthur Santos da Silva

O coordenador do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) Criminal, procurador Domingos Sávio, viu com estranheza a afirmação do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT), Leonardo Campos, de que o Ministério Público Estadual (MPE) teria negado delações premiadas tentadas por militares envolvidos na "grampolândia pantaneira". A entrevista ao Olhar Jurídico ocorreu antes de vazamento sobre negativa de acordo com o cabo Gerson

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“É estranho, um procedimento que é sigiloso, ele [Leonardo Campos] já está sabendo, segundo ele, não estou afirmando que haja, já está sabendo até do resultado daquilo que é sigiloso. É muito estranho. Nós, que respeitamos a lei, não podemos falar sobre colaborações premiadas. Nós não podemos falar nem que houve, nem que foi negado”, explicou Domingos Sávio.
 
Confronto entre o coordenador do Naco Criminal e a Ordem se agravou após o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), negar retirar de três Procedimentos Investigatórios Criminais (PICs) contra promotores suspeitos de interceptações telefônicas ilegais dos autos de um notícia-crime oferecida pela OAB.

O desembargador esclareceu que desmembrar os procedimentos contra membros do Ministério Público da notícia-crime que apura interceptações ilegais apresentada pela Ordem dos Advogados seria o mesmo que investigar “às escuras, entre quatro paredes”.
 
Ainda sobre delação, Domingos Sávio explicou sobre os requisitos necessários. “E preciso dizer que o Ministério Público, de uma forma geral, só aceita uma colaboração premiada se o pretenso colaborador trouxer fatos que não são de conhecimento das autoridades e fatos que venham corroborados com provas. Senão for assim, nós não aceitamos”.
 
“Portanto, de uma forma geral, nós não aceitamos que um indivíduo cheque aqui, falando em delação, trazendo pão amanhecido. Coisas que nós já sabemos. Ou por outra, que traga fatos sem qualquer elemento para respaldar. Sem fosse assim, seria uma desmoralização”.
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