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MPE apela e desembargador poderá determinar que empresário Alan Malouf volte à prisão

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Está nas mãos do desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Rondon Bassil Dower Filho, o destino Alan Ayoub Malouf, sócio-proprietário do Buffet Leila Malouf, que foi preso pela terceira fase da “Operação Rêmora”, denominada “Grão Vizir”. O magistrado deverá acatar ou não um apelo do Ministério Público Estadual (MPE) para que o réu seja colocado novamente na prisão. Atualmente o empresário goza de liberdade decretada pela juíza Maria Rosi Meira Borba, durante plantão do dia 24 de dezembro.

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Alan Malouf ficou preso nos Serviços de Operações Especiais (SOE) por 10 apenas dias, quando ganhou liberdade durante o plantão de Natal.

O pedido foi protocolizado diretamente ao TJ, pois a magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal, originalmente responsável por julgar pedidos desta natureza, solicitou que o caso fosse levado para lá. Isto porque as declarações de Alan Malouf ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) envolve figura de foro privilegiado, o deputado Guilherme Maluf (PSDB).

Ao Gaeco, o empresário Alan Malouf jogou toda a responsabilidade das fraudes encontradas na operação Rêmora nas costas do empresário Giovani Guizardi, proprietário da Dínamo construtora, que selou acordo de delação premiada com a Justiça. De acordo com o depoimento de Malouf, concedido ao Gaeco no último dia 16, o grande cabeça e operador da organização que arrecadava recursos cobrando propinas em obras na Educação era Guizardi.

Além disso, Malouf relatou que a campanha ao Governo de Mato Grosso em 2014 - de Pedro Taques - teria sido irrigada com dinheiro de caixa 2, recursos não declarados à Justiça Eleitoral. O Gabinete de Comunicação do Governo do Estado se manifestou negando todas as afirmações feitas. Com veemência, o Palácio  Paiaguás sustenta que as declarações de Malouf são “levianas, absurdas e fantasiosas”.

A justiça retoma suas atividades nesta sexta-feira (06).

Entenda o Caso:

Nos autos da ação penal oriunda da "Operação Rêmora", o proprietário da Dínamo Construtora, Giovani Guizardi, firmou acordo de delação premiada com o MPE e envolveu o nome do empresário Alan Malouf, que teria doado R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques ao governo. Em contrapartida, o proprietário do Buffet deveria recuperar esse dinheiro por meio de propinas.

Giovani declarou que no ano de 2015 foi criado informalmente uma organização criminosa a qual o fez parte e o intuito era arrecadar fundos ilícitos para fins de saldar pagamentos não declarados em campanhas eleitorais de 2014. O empresário afirma ainda que não fez parte da “criação” do esquema e entrou nele quando as fraudes já estavam acontecendo, sendo operadas pelo então secretário de Educação, Permínio Pinto (PSDB), Fábio Frigeri, Leonardo Guimarães e Ricardo Sguarezi.

Giovani relata que conhece o empresário Alan Malouf desde a infância e foi ele quem o ajudou a entrar para o esquema. Guizardi procurou Malouf em março de 2015 e solicitou que sua empresa, Dinamo Construtora, pudesse trabalhar em obras na Seduc , pois nunca tinha atuado nesta secretaria, que é a terceira em maior volumes de obras no Estado. A primeira reunião teria acontecido no buffet Leila Malouf, ocasião em que o delator soube que o deputado estadual Guilherme Maluf era o responsável por indicar o superintendente da Seduc , Wander Luiz.

Giovani então reuniu-se com Wander na própria Secretaria de Educação e ouviu que o interlocutor estava com dificuldades e que as pessoas que investiram na campanha de Taques teriam que receber o dinheiro investido e essa pessoa seria Alan Malouf. Ficou combinado o pagamento 5% do valor das obras cobradas por Wander.

O declarante conta que o critério utilizado para a divisão da propina foi dar a maior porcentagem, de 25%, para para as figuras formalmente responsáveis pela pasta, como, Alan Malouf, Permínio Pinto e o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), que, de acordo com o delator, era quem detinha o real o real poder político na Secretaria. Por meio de nota, Maluf também negou qualquer participação em irregularidades. Fábio Frigeri e Wander ficariam com 5% e o delator 10%.
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