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Sodoma 2 é "ficção" e não há motivos para prender governador e ex-secretários, diz advogado

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

A ação penal oriunda da “Operação Sodoma 2” é uma peça de “ficção”. A manifestação é do advogado Marcos Dantas, que representa os interesses do ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi e de Bruno Saldanha, fiscal de contratos da Secretaria de Administração (SAD), ambos réus. Ao deixar a sala de audiências da Sétima Vara Criminal, no Fórum da Capital, na tarde desta quarta-feira (11), o profissional, que assume a função de Roberto Tardelli, que deixou após mais de um ano de serviços a defesa de Cursi, também avaliou a negativa de escolta policial à esposa de seu cliente, vítima de sequestro relâmpago no último mês e descartou, por agora, a possibilidade de tentar afastar a juíza Selma Arruda do processo.

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“O objetivo [do Ministério Público Estadual], à nosso ver, é mantê-los presos [réus da Sodoma], pois tudo isso deveria se concentrar em um único processo. Eles estão transformando um processo em vários, pois quando se consegue a liberdade em um, eles já prendem em outro. É uma ficção, a nosso ver e estas testemunhas de hoje não tiveram relação alguma com Marcel de Cursi”, pontuou o advogado Marcos Dantas ao final da audiência que ouviu três testemunhas de acusação, dentre eles Julio Minori Tsuji, empresário acusado de pagar milhões em propinas para manter contrato com o estado, e hoje delator premiado. 

O advogado vai além ao criticar esta nova ação penal. “É uma forma de conseguir provas que eles [MPE] não conseguiram até agora, pois não há provas suficientes para manter esse pessoal preso”, diz, referindo-se à Marcel de Cursi, Pedro Nadaf e Silval Barbosa, presos preventivamente no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) deste setembro de 2015.

Bruno Saldanha:

Sobre seu cliente Bruno Saldanha, fiscal de contratos da SAD, acusado de “periodicamente pedir dinheiro” à testemunha Julio Minori Tsuji, à título de propina, o advogado rebate.

“Ele (Minori) faz afirmações e agora precisa comprová-las. Negamos veementemente essa situação e ele tem que comprovar se de fato fez estes repasses. Por isso que eu perguntei também se o Bruno prestou serviços, ele falou que não, mas o Bruno prestou, efetivamente, serviços para ele em alguns momentos, pois ele é especialista na área, ele tem um ‘know how’ único no Estado com relação a previdências e quando pediu ajuda para ele (Julio Minori), e ele realmente pediu, mas não naquele valor, o Bruno passou a devolver antes de ocorrer todos aqueles fatos. Isso a gente vai comprovar nos autos”.

Esposa de Cursi:

Sobre o pedido de escolta a Marnie de Almeida Cláudio, esposa do ex-secretário Marcel de Cursi, por conta do sequestro relâmpago que sofreu, o advogado explica. “Não foi deferido, houve a alegação de que são possíveis conhecidos e amigos da família que cometeram aquela atrocidade, o que a gente acha um absurdo, mas enfim, é o que está nos autos. O secretário negou e não tentamos recorrer, paramos”.

Marnie foi sequestrada e espancada no dia 21 de junho por criminosos que se disfarçaram de policiais civis. Eles exigiam um suposto dinheiro que estaria escondido na casa do casal. A esposa do ex-secretário foi abandonada em uma região de matagal, próximo ao Condomínio Belvedere, em Cuiabá. A polícia ainda não conseguiu encontrar os suspeitos do crime.

Saída de Selma:

Sobre exceções de suspeição contra a magistrada Selma Arruda, recurso recorrente por parte do advogado Roberto Tardelli, Marcos Dantas nega tentar por enquanto. “Só se a gente entender que há necessidade, estamos tomando pé do processo agora, por enquanto achamos que está tranquilo, mas se houver esse entendimento não deixaremos de agir enquanto advogados”, afirma.
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