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Domingo, 16 de novembro de 2025

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PROCESSO CONTURBADO

Com R$ 2,2 bi em dividas em MT, Rossato tenta recuperação judicial no Paraná, mas Justiça barra diante de irregularidades

Foto: Reprodução

Com R$ 2,2 bi em dividas em MT, Rossato tenta recuperação judicial no Paraná, mas Justiça barra diante de irregularidades
A tentativa de levar as empresas Baxi Foods e Nutri Agroindústria à Recuperação Judicial (RJ) no Paraná foi suspensa pela Justiça após o Fundo Agri Brazil expor uma série de irregularidades no processo. As empresas, que integram o núcleo de controle econômico da família Randon Rossato, foram desmembradas do Grupo Safras como parte de uma estratégia para ocultar ativos e afastá-los do alcance de credores.


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Localizadas em Apucarana, Cascavel, Maringá e Engenheiro Beltrão, as unidades atuam nos segmentos de armazenamento de grãos, esmagamento, ração e trading, mas foram transferidas para o grupo Randon (ligado à ex-esposa de Dilceu Rossato) antes do colapso financeiro do conglomerado em Mato Grosso. A manobra espelha o que já havia sido feito no estado: divisão societária, blindagem patrimonial e deslocamento das operações para outros CNPJs controlados por membros da mesma família.
 
No dia 22 de outubro de 2025, a diretora das empresas, Marciane Rech Vizentim, convocou assembleias extraordinárias com o objetivo de aprovar o pedido de recuperação judicial. Porém, o Fundo Agri Brazil ingressou com ação demonstrando vícios formais e materiais na convocação, além de indícios de que a operação visava apenas afastar credores e preservar o patrimônio dos controladores.

Diante das evidências de que as Assembleias foram canceladas, justamente porque as formalidades convocatórias não seriam cumpridas, uma vez que as empresas Baxi Foods e Nutri Agroindústria alteraram os respectivos endereços sem comunicar às Sociedades. Como o pedido da Agri Brazil era pela suspensão das assembleias, e como as mesmas já haviam sido canceladas, a Justiça julgou a liminar prejudicada por perda de objeto.
 
A tentativa de RJ no Paraná não é um ato isolado, mas parte de um plano sucessivo de blindagem patrimonial liderado por Dilceu Rossato (ex-prefeito de Sorriso/MT), seu sócio Pedro de Moraes Filho, a família Randon e interlocutores que atuam como sócios ocultos. “As mesmas pessoas que dizem não ter condições de pagar funcionários, fornecedores e bancos, seguem mantendo padrão de vida de luxo e deslocando ativos entre empresas e estados para evitar o alcance da Justiça”, afirma a representação judicial apresentada.
 
A movimentação no Paraná ocorre após a Justiça de Mato Grosso afastar Dilceu Rossato, Pedro de Moraes Filho, Cátia Randon e demais controladores do Grupo Safras, determinando a indisponibilidade de bens diante de fortes indícios de fraude, ocultação patrimonial e desvio de ativos que somam bilhões de reais.
 
O caso ganhou novos contornos quando veio à tona que, enquanto alegavam crise financeira para justificar a recuperação judicial, membros do grupo utilizavam aeronave executiva avaliada em cerca de R$ 5 milhões e mantinham um padrão de gastos incompatível com a narrativa de insolvência.
 
Para os credores — que incluem produtores, instituições financeiras, fornecedores e trabalhadores — a atuação do Fundo Agri Brazil foi decisiva para impedir que os mesmos ativos fossem novamente blindados por meio de um processo judicial viciado. Com a suspensão da assembleia, as empresas permanecem em atividade e seguem sob contestação jurídica, sem autorização para ingressar em recuperação.
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