Embora tenha negado ter submetido 20 trabalhadores em condições análogas à escravidão, a empresa T.F. Zimpel Ltda, que tem a miss Mato Grosso Taiany Franca Zimpel como proprietária, assumiu que atuou como intermediadora das atividades realizadas na Fazenda Eliane Raquel e Quinhão, em Nova Maringá.
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Em manifestação à imprensa, a T.F. informou que, assim como a Família Zimpel, não possuem propriedade rural, acrescentando que firmou contrato de prestação de serviços com a propriedade rural e terceirizou a mão de obra para execução dos trabalhos. “Portanto, a empresa T. F. ZIMPEL não representa a fazenda e também não realizou a contratação da mão de obra direta”.
Também apontou que mesmo não sendo a contratante dos trabalhadores, está colaborando integralmente com as autoridades nas apurações relacionadas ao caso dos 20 funcionários resgatados.
“A empresa T. F. ZIMPEL reforça seu comprometimento com práticas trabalhistas éticas, respeito à legislação e aos direitos dos trabalhadores. A empresa firmou, com o Ministério Público do Trabalho, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com caráter emergencial e reparatório, sem confissão de culpa, pois mesmo sem ser responsável direta pelos funcionários, preferiu garantir o suporte imediato dos colaboradores, resguardando-se no direito de regresso ao contratante”, acrescentou. Veja a manifestação completa ao final da matéria.
Eleita Miss Mato Grosso (2016) e Miss MT Internacional (2024), Taiany Franca Zimpel é a proprietária da empresa T.F. Zimpel, que administra a fazenda onde operação coordenada pelo Ministério Público do Trabalho resgatou 20 trabalhadores em condições análogas à escravidão. A rotina de Taiany se divide entre os negócios da família no setor madeireiro e do agronegócio, e concursos de beleza.
Segundo reportagem do portal Brasil de Fato, o caso dos 20 trabalhadores resgatados não é o único relacionado à família Zimpel. Em setembro de 2024, um homem ingressou na justiça com uma reclamação trabalhista e ação de danos morais contra a empresa que, naquela época, estava em nome de Elton Renato Hollenbach Zimpel, pai de Taiany.
Na semana passada, a empresa T.F. Zimpel firmou acordo com órgãos públicos e se comprometeu a pagar R$ 1,6 milhão pelos danos causados aos 20 trabalhadores reduzidos a condições análogas à escravidão na Fazenda no município de Nova Maringá, a cerca de 400 km da capital. A empresa foi alvo de operação realizada no último dia 15 pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Federal (PF).
Para se livrar de sanções penais e cíveis, a empresa firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho e se comprometeu a uma série de obrigações. Dentre elas, o pagamento das verbas salariais e rescisórias, que totalizaram R$ 418 mil, foi estabelecida uma compensação por dano moral coletivo no valor de R$ 1 milhão, que será destinado ao Projeto Ação Integrada – Mato Grosso (PAI/MT). A título de dano moral individual, a quantia paga foi de R$ 200 mil (R$ 10 mil para cada trabalhador resgatado).
As vítimas foram contratadas pela T.F. Zimpel Ltda. para atividades envolvendo o corte e empilhamento de madeira. De acordo com o MPT, com base nas provas colhidas, ficou comprovada a responsabilidade solidária entre a Zimpel, que recrutou e manteve os trabalhadores em condições degradantes, e os proprietários da área rural, que comercializam a madeira e se beneficiaram diretamente da exploração irregular.
A força-tarefa constatou graves irregularidades, como alojamentos precários, não fornecimento de água potável para consumo e higiene, ausência de registro em carteira e não pagamento de salários. Além disso, os empregadores não disponibilizavam equipamentos de proteção individual e coletiva para a execução dos serviços. Houve, ainda, relatos de intimidação por pessoas armadas e restrição da liberdade de locomoção.
Precariedade
As condições de higiene e conforto eram precárias, segundo apontou a equipe de fiscalização. Em um dos barracos de lona e madeira utilizados como alojamento, um grupo de 13 trabalhadores dormia em camas improvisadas – em colchões velhos e sujos sobre tábuas e toras. Não havia piso e o chão era de terra batida.
Além de sujo, o local não possuía armários para a guarda dos pertences, os quais ficavam espalhados pelo chão ou pendurados. Em outro alojamento, as vítimas dormiam em redes, sem ventilação, e dividiam espaço com tambores de óleo e combustíveis, acentuando o risco de incêndio.
Os trabalhadores tomavam banho em um córrego com água turva, sem nenhuma privacidade, e muitos faziam as necessidades fisiológicas no mato, a céu aberto. A água para beber era imprópria para consumo humano, retirada de poços e áreas alagadas, contaminada e sem tratamento.
O preparo de refeições era feito por meio de um fogão também improvisado, construído com tijolos no chão. Da mesma forma, não havia refeitórios ou local adequado para conservação dos alimentos. A alimentação era escassa e inadequada, com relatos de que os trabalhadores estavam passando fome, sobrevivendo de açaí e caça de animais silvestres.
Nota à imprensa
T. F. ZIMPEL LTDA esclarece fatos sobre a operação em fazenda do Mato Grosso. A empresa T. F. ZIMPEL, trata-se de empresa prestadora de serviços em atividades de apoio à pecuária e à agricultura, atuando como intermediadora.
A empresa T. F. ZIMPEL, assim como a Família Zimpel, não possuem propriedade rural. Assim, a empresa T. F. ZIMPEL esclarece que firmou contrato de prestação de serviços com uma propriedade rural e terceirizou a mão de obra para execução dos trabalhos, portanto, a empresa T. F. ZIMPEL não representa a fazenda e também não realizou a contratação da mão de obra direta.
A empresa T. F. ZIMPEL, mesmo não sendo a contratante dos trabalhadores, vem colaborando integralmente com as autoridades nas apurações relacionadas ao caso dos 20 funcionários resgatados. Desde o início da fiscalização, quando tomou conhecimento sobre os fatos, a empresa garantiu o acesso irrestrito às instalações da operação e documentos, além de atuar no acolhimento e realocação dos colaboradores afetados.
A empresa T. F. ZIMPEL reforça seu comprometimento com práticas trabalhistas éticas, respeito à legislação e aos direitos dos trabalhadores. A empresa firmou, com o Ministério Público do Trabalho, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com caráter emergencial e reparatório, sem confissão de culpa, pois mesmo sem ser responsável direta pelos funcionários, preferiu garantir o suporte imediato dos colaboradores, resguardando-se no direito de regresso ao contratante.
A empresa T. F. ZIMPEL repudia veementemente qualquer prática análoga à escravidão ou tráfico de pessoas e seguirá colaborando com as investigações, confiando que a verdade será esclarecida com responsabilidade e respeito ao devido processo legal.