O capitão Cirano Ribas de Paula Rodrigues, preso após agredir e humilhar um subordinado durante uma confraternização, foi colocado em liberdade na sexta-feira (20), após passar por audiência de custódia. Ele havia sido detido na madrugada da última terça-feira (18), em Brasnorte.
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Na decisão, o juiz Fábio Alves Cardoso entendeu que, embora as condutas atribuídas ao oficial sejam graves e moralmente reprováveis, não há “demonstração clara do perigo gerado pelo estado de liberdade do custodiado”. O magistrado considerou que o capitão foi exonerado do cargo de comando logo após os fatos, o que reduz o risco de influência sobre a vítima ou sobre a apuração do caso.
Além disso, o juiz ponderou que Cirano é réu primário, não possui antecedentes criminais e, ao que tudo indica, o episódio se trata de um “fato isolado em sua vida funcional”. Também foi levado em conta que, embora tenha havido agressões físicas e verbais, não há indícios de que o soldado tenha sofrido ferimentos graves.
Diante dos fatores, a prisão preventiva foi negada e a liberdade provisória concedida, sem fiança, mas com imposição de medidas cautelares. Entre elas, o oficial está proibido de se aproximar da vítima ou manter contato por qualquer meio, deve manter endereço e telefone atualizados, e comparecer a todos os atos do processo.
Entenda o caso
O caso ocorreu na madrugada do dia 18, após uma confraternização do moto clube Rota 170, da qual tanto o capitão quanto o soldado participavam. Conforme o boletim de ocorrência, Cirano — visivelmente embriagado — imobilizou o subordinado com um golpe conhecido como “mata-leão”, tomou o celular dele e o quebrou ao meio.
Em seguida, ainda na presença de clientes e funcionários de um estabelecimento comercial, ordenou que o soldado se sentasse no chão e proferiu ofensas racistas: “Cachorro e preto senta no chão”, teria dito. O capitão também teria insultado familiares da vítima, afirmando que a esposa do militar teria se relacionado com outros colegas da corporação e que o filho recém-nascido “poderia ser de qualquer um, menos dele”.
O caso foi presenciado por testemunhas, e a prisão foi efetuada ainda naquela madrugada. A arma do soldado foi recolhida por segurança e ele permanece sob acompanhamento psicológico e jurídico. O capitão agora responderá ao processo em liberdade, mas sob monitoramento judicial.