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Sexta-feira, 11 de julho de 2025

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adotava gatos

Justiça converte em preventiva prisão de estudante suspeita de maltratar animais

Foto: Reprodução

Justiça converte em preventiva prisão de estudante suspeita de maltratar animais
Em uma audiência de custódia, a juíza de Direito Silvana Ferrer Arruda, do Núcleo de Audiências de Custódia de Cuiabá, decidiu converter a prisão em flagrante de Larissa Karolina Silva Moreira em prisão preventiva. A decisão foi proferida no âmbito de um processo que investiga Larissa por supostos crimes de maus-tratos a animais.


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A prisão de Larissa ocorreu em 13 de junho de 2025, após diligências policiais que seguiram o registro de uma ocorrência e depoimentos colhidos no dia anterior. A investigação teve início a partir de relatos da presidente da ONG "Tampatinhas Cuiabá", que expressou preocupação com o paradeiro de gatos adotados por Larissa e seu companheiro, William Angonese, destacando a falta de satisfação sobre o estado dos animais e ameaças verbais por parte da suspeita.
 
Durante a audiência de custódia, a defesa de Larissa solicitou o relaxamento da prisão, alegando ausência de situação de flagrante e ilegalidade da custódia. No entanto, a juíza rejeitou o pedido, fundamentando que a prisão se caracterizou como "flagrante presumido".
 
A magistrada destacou que o corpo de um gato morto, envolto em sacola plástica, foi encontrado em um terreno baldio nos fundos da residência da autuada, local indicado por William Angonese. Além disso, foram encontrados vestígios de sangue em lençol e colchão dentro da casa, o que reforçou a ligação da suspeita com os maus-tratos e a morte do animal. A recusa de Larissa em abrir a porta de sua residência, que exigiu a entrada forçada dos agentes policiais para sua captura, também foi um fator considerado.
 
A conversão da prisão em flagrante para preventiva foi justificada pela presença dos requisitos legais. O crime investigado é doloso e punível com pena de reclusão1415. A juíza verificou a existência de "fumaça do bom direito" (fumus boni iuris), evidenciada pela materialidade do crime (cadáver do animal e vestígios) e por indícios suficientes de autoria que vinculam Larissa aos fatos.
 
Diversos depoimentos foram cruciais para a decisão. Kelly Adriany de Lima Rondon, presidente da ONG "Tampatinhas Cuiabá", relatou que Larissa e William adotaram gatos e subsequentemente sumiram sem dar satisfações, bloqueando o contato. Josayne Guia dos Reis, protetora independente, também declarou ter doado um gato chamado Nescau para Larissa e, após tentativas de contato, foi bloqueada. Ela informou que, ao tentar recuperar o animal, ele não estava mais na casa de Larissa, que parecia estar de mudança.
 
O depoimento mais detalhado foi o de William Angonese, companheiro de Larissa. Ele afirmou que Larissa o pedia para adotar gatos para ela, e ele o fazia por medo de agressões físicas, inclusive relatando uma cicatriz nas costas causada por ela com um secador de cabelo.
 
William descreveu ter encontrado manchas de sangue e um cabo de vassoura torto na casa de Larissa em duas ocasiões, sendo que, em uma delas, Larissa teria justificado as marcas de sangue alegando que um gato a arranhou e que o animal "não estava mais ali".
 
Em outro momento, ela teria admitido ter matado um gato por ter sido arranhada, sem indicar o destino do corpo. William suspeita que Larissa descartasse os corpos dos animais na mata atrás do prédio onde reside. Ele reconheceu vários gatos que teriam sido adotados e que, segundo Larissa, morreram.
 
A juíza também considerou o "perigo da liberdade" (periculum libertatis), manifestado pela gravidade concreta da conduta, a crueldade contra animais inofensivos, e o risco de comprometimento da instrução criminal.
 
Além da decretação da prisão preventiva, a juíza emitiu recomendações expressas ao diretor da unidade prisional para que sejam observadas todas as diretrizes normativas e jurisprudenciais relativas à dignidade e segurança de Larissa Karolina Silva Moreira, que se identifica como mulher transexual.
 
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