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Sexta-feira, 11 de julho de 2025

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HOMICÍDIO E TRÁFICO DE ARMAS

Garimpo ilegal, grilagem, tráfico de armas e PCC: acusado de liderar organização, PM que movimentou R$ 2 milhões é afastado

Foto: Reprodução

Anotações da agiotagem

Anotações da agiotagem

Armas de grosso calibre, comércio clandestino de ouro, lavagem de dinheiro e ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC): o juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, recebeu denúncia contra dois policiais militares acusados de integrarem a milícia “Os Cabriteiros”, operação criminosa especializada em grilagem de terras, garimpo ilegal e tráfico de armas. Na mesma ordem, proferida nesta quinta-feira (12), o magistrado ordenou o afastamento de Junio Alves Ferreira, acusado de liderar o bando, do cargo de soldado da Polícia Militar.


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Em abril, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou os policiais militares Junio e Cleberson Rodrigues de Brito, o vaqueiro Adenil da Silva Melo, e os civis Claiton Alves, Gilmar da Silva, Cleomar Dias Souza e Junior Dias da Silva.

Considerando presentes os requisitos legais para o recebimento da acusação, como indícios suficientes de autoria e materialidade, o juiz Jean Garcia, então, tornou o grupo réu e ordenou o afastamento de Junio da corporação.

Para afastá-lo, o juiz considerou que o acusado é apontado como o comandante da operação criminosa especializada em lavagem de dinheiro, comércio ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas, garimpo ilegal e, sobretudo, “grilagem de terras” (esbulhos possessórios), usando ativamente de sua posição de Policial Militar para tal. Apesar de receber R$ 4 mil mensal de salário, Junio movimentou quase R$ 2 milhões no período investigado.

Garimpo ilegal, tráfico de armas e grilagem

No dia 30 de abril, o promotor coordenador do Gaeco, Adriano Roberto Alves, denunciou que o grupo autodenominado "Os Cabriteiros", atua desde 21 de março de 2023 na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Água Boa, com estrutura e divisão de tarefas para obtenção de lucro e expansão de controle territorial com ações típicas de milícia e ligação com o PCC.

Junio Alves, vulgo “Dudu”, é acusado de liderar toda a organização, sendo o articulador estratégico, usando da sua posição para coordenar as ações lícitas, garantindo proteção e distribuindo tarefas.  Ainda, está diretamente vinculado a homicídios com fins patrimoniais, como no caso da morte por envenenamento de Edilson Conti, vulgo “Capixaba”, cujo imóvel rural foi tomado pela organização após sua morte, com Dudu designando membros do grupo para ocupação e exploração da área.

Em decorrência disso, foi determinado seu afastamento cautelar do cargo e a suspensão do porte de arma.
Cleomar Dias Souza (Queleu), outro líder operacional, é destacado em todas as frentes criminosas. Clailton Antonio Alves (Goiano) é o encarregado da logística e executor violento. Adenilson da Silva Melo (Nego) atua como financiador, realizando repasses financeiros mensais aos líderes. Gilmar Cruz da Silva (Jota/J), membro do PCC, é intermediário, enquanto Cleberson Rodrigues Brito e Junior Dias da Silva são membros operacionais e de apoio.

No crime de lavagem de capitais, Junio, Cleomar e Clailton são acusados de ocultar valores provenientes de grilagem e outras infrações, movimentando mais de R$ 1,3 milhão em transações ilícitas entre janeiro de 2022 e março de 2025. Segundo o Gaeco, eles usam métodos sofisticados como empresas de fachada (MB Agro Negócios, RICARDO MONTENEGRO DE LIMA LTDA), contas de terceiros (incluindo as filhas de Clailton), e movimentações incompatíveis com a renda de Junio, que movimentou quase R$ 2 milhões enquanto seu salário era de aproximadamente R$ 4 mil mensais.

Cleomar possuía anotações de comissões e agiotagem, e um contrato de dívida com Adenilson pago em conta de terceiro. O comércio ilegal de armas, praticado por Cleomar e Clailton, envolve a aquisição, transporte, depósito, venda e exposição de armas e munições sem autorização, sendo uma conduta habitual com ligações diretas ao PCC, evidenciada por conversas e apreensão de armamento.



Interceptações feitas nos celulares dos investigados revelaram a rede criminosa, organizada, responsável por operar, muitas vezes via WhatsApp, a venda de armas (revólver por R$ 7 mil) de grosso calibre como carabinas, espingardas calibre 12, comércio ilegal de ouro e a cobrança de dívidas no modo “agiotagem”.
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