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Sábado, 14 de junho de 2025

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INELEGÍVEL POR 8 ANOS

Justiça cassa mandato de vereador do PT eleito sob suspeita de financiamento do CV em MT; partido vai recorrer

Foto: Reprodução

Justiça cassa mandato de vereador do PT eleito sob suspeita de financiamento do CV em MT; partido vai recorrer
O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) cassou o mandato do vereador de Rondonópolis Ary Campos (PT) sob suspeita de ter utilizado dinheiro da organização criminosa Comando Vermelho para financiar sua campanha nas eleições municipais de 2024. A Justiça Eleitoral também declarou ele inelegível por 8 anos.


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Em nota, o Diretório Estadual do PT de Rondonópolis informou que recorrerá da sentença às instâncias superiores e que sente confiança na reversão do caso. Na avaliação da comissão Executiva, a cassação reflete um cenário mais amplo de perseguição política e judicial a lideranças populares e progressistas. A legenda afirma repudiar o uso político do Judiciário como ferramenta para enfraquecer mandatos legítimos e frear o avanço das forças populares em Rondonópolis.

Segundo o Ministério Público Eleitoral (MPE), foram encontrados dois aparelhos celulares desbloqueados, que continham conversas dos detentos com pessoas de fora do presídio para que elas votassem para o vereador nas eleições municipais de 2024.

A partir disso, foi instaurado um Inquérito Policial para apurar os fatos, sendo formulado e autorizado pela Justiça o pedido de quebra de sigilo telefônico para acessar os dados armazenados nos celulares apreendidos.

De acordo com o laudo de extração dos dados contidos nos aparelhos celulares, foi constatado que existia uma imposição dos "irmãos" --termo usado por faccionados --, para que cada indivíduo conseguir, pelo menos, 4 eleitores, e registrasse a fotografia do título de eleitor, nome completo, endereço onde vota, número do título, sessão que vota, contato e endereço.

Conforme a denúncia, trechos de conversas extraídos dos aparelhos mostram que os detentos indicavam o candidato que deveria ser votado por essas pessoas, ou seja, o candidato a vereador Dr. Ary Campos, o qual foi eleito no dia com 1.960 votos. Vejamos alguns trechos das conversas extraídas dos celulares apreendidos:

"Eu preciso que cê vai dar o nome e o título de eleitor para cê representar eu lá, cara. Porque aqui cada um preso tem que arrumar 4 pessoas. E falar a verdade procê, eu como eu sou de fora, eu arrumando uma aqui eu já me livro, entende? Senão, o bagulho vai ficar estreito aqui", consta numa conversa. 

"É. Tem que passar o número aqui do título do eleitor, a seção, essas parada aí tudo, aí vai precisar do número da sua documentação, do título de eleitor. E da onde cê vota, essas parada assim. Porque esse ano nós tem que ganhar, nós tem que representar o nosso vereador aí, entendeu?", mostra outro trecho. 

Além disso, consta na denúncia que os membros da organização criminosa recrutaram apoio financeiro dos lojistas, os quais pagam mensalmente à organização criminosa valores em troca de uma falsa segurança ("taxa de segurança"), para promoverem a candidatura de Ary Campos.

De acordo com o delegado, Ary conta com a ajuda de recursos financeiros através da coação de lojistas para custear as reuniões políticas de campanha, que, inclusive, eram realizadas em regiões onde a organização criminosa tinha controle da área

As investigações apuraram ainda diálogos entre um faccionado e comerciantes extorquidos pela organização criminosa, pedindo apoio com recurso financeiro para reuniões de campanha do candidato petista. 

Segundo o MPE, isso ficou evidenciado quando o faccionado entrou em contato com a proprietária de uma conveniência e pediu apoio com recursos para uma reunião de campanha de Ary, divulgada na própria rede social do candidato.

“Se apurou que a escolha do nome do candidato Ary Campos foi uma decisão coletiva dos membros da facção criminosa de inseri-lo na política, a fim de conciliar os interesses da organização. Relata que as reuniões de campanha do candidato ARY CAMPOS foram financiadas com dinheiro de lojistas que pagam a "taxa de segurança" à organização criminosa”, diz trecho da decisão. 
 
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