O Ministério Público (MPMT), por meio do promotor de Justiça Renee do Ó Souza e do subprocurador-geral de Justiça Jurídica e Institucional Marcelo Ferra de Carvalho, requisitou que a Federação Mato-Grossense de Futebol (FMF) encaminhe, em um prazo improrrogável de 48 horas, documentos e dados relacionados ao processo eleitoral da entidade. A medida busca garantir a lisura do pleito que definirá a nova diretoria da federação, presidida atualmente por Aron Dresch. O empresário da comunicação João Dorileo Leal encabeça a outra chapa.
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A requisição consta em ofício enviado diretamente a Aron. No documento, os membros do MP alertam que as informações já solicitadas anteriormente, por meio do Ofício nº 15/2025/GAB26ªPJC, são urgentes e fundamentais para a verificação da regularidade do processo eleitoral. O prazo anterior de 15 dias foi revisto por conta da proximidade do pleito e da complexidade das análises necessárias.
"Revela-se evidente que o prazo de 15 dias originalmente concedido mostra-se incompatível com a urgência e complexidade das análises necessárias à verificação da regularidade do certame", destaca trecho do ofício. A Promotoria reforça que o objetivo é resguardar a utilidade da investigação instaurada por meio do Inquérito Civil nº 006340-001/2025.
A investigação apura possíveis irregularidades na condução da FMF e na organização do processo eleitoral da entidade, que estaria em desacordo com as normas estatutárias e a Lei Geral do Esporte. Entre os principais pontos questionados estão a falta de transparência, a ausência de divulgação de regras eleitorais e denúncias de suposta compra de votos.
As apurações tiveram início após uma denúncia anônima apresentada ao MPMT, relatando que um funcionário da FMF, identificado como E.H., estaria visitando clubes e ligas do interior do estado em busca de apoio à reeleição de Dresch — supostamente antes mesmo da publicação do edital de convocação do pleito. O denunciante ainda apontou que valores em espécie poderiam estar sendo oferecidos como incentivo ao apoio.
Além disso, a FMF não teria divulgado, até o momento, a lista de eleitores aptos nem o edital oficial da Assembleia Geral, reforçando os indícios de falta de transparência e possível manipulação do processo.
No curso das investigações, o Ministério Público também determinou a análise de contratos firmados pela federação com entes públicos, o levantamento de eventuais ações judiciais contra a entidade, e recomendou à FMF que adote medidas preventivas para assegurar a legalidade e moralidade do processo eleitoral.
Aron Dresch foi eleito pela primeira vez presidente da FMF em 2017, em uma eleição marcada por polêmicas, incluindo a impugnação de sua candidatura, que acabou revertida com o apoio dos próprios clubes filiados. Ele foi reeleito em 2021 com o apoio de quatro vice-presidentes: Geandre Bucair (Dom Bosco), Carlos Runo (União), Helmute Lawisch (Luverdense) e Márcio Alencar (Mixto).
Apesar de ter prometido, em sua primeira gestão, encurtar os mandatos e promover renovação na entidade, Dresch voltou a disputar a presidência, contrariando o discurso anterior. Procurada pela reportagem, a FMF afirmou, em nota, que não comentará as acusações, pois ainda não foi notificada oficialmente sobre a investigação.