A juíza Edna Ederli Coutinho, responsável por autorizar a operação Acqua Ilícita, que mirou esquema de extorsão do Comando Vermelho em Cuiabá e Várzea Grande, ordenou o sequestro de diversos bens dos alvos, sobretudo de Joel Júnior Morais de Oliveira, conhecido como “Joel da Figueirinha”, proprietário de uma distribuidora de bebidas que lavava dinheiro do esquema. Estima-se que os criminosos extorquiam comerciantes que vendiam água mineral na baixada, cobrando taxa de R$ 1 por galão vendido.
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De Joel, a juíza sequestrou um caminhão Mercedes, uma moto Honda de alta cilindrada, uma caminhonete S10, duas VW Saveiro e uma van da Renaut. Da sua distribuidora, foi bloqueado um Eco Sport 2014.
No dia que a operação foi desencadeada, na última quinta-feira (20), a ofensiva policial acabou culminando num confronto em que o alvo Fábio Junior Batista Pires, conhecido como “Farrame”, foi alvejado e morreu. Gilmar Machado da Costa também foi executado. Ambos eram apontados como membro do alto escalão do Comando Vermelho.
Em nome de Farrame, a magistrada sequestrou uma BMW 325 I, 2011, avaliada em quase R$ 80 mil, um caminhão Mercedes e um Iveco. Em nome do alvo Geilsson Barbosa, foi bloqueado um caminhão Mercedes.
Entre os principais alvos da operação, está Joel Junior Morais de Oliveira, conhecido como “Joel da Figueirinha”, proprietário de uma distribuidora de bebidas em Várzea Grande.
Outro nome da lista é Ulisses Batista da Silva, chamado de “Mineiro, Veio, Coroa ou Negão”, que atuava como pastor em uma igreja no bairro Pedra 90 e é suspeito de ser um dos líderes da facção na região. Ulisses, segundo a Polícia Civil, fugiu para o Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Civil, o pastor seria o mentor do esquema e ele ainda permanece escondido no Rio.
A investigação teve início em novembro de 2024 e identificou integrantes de uma facção criminosa que coordenava o esquema de extorsão a comerciantes, denominado "Projeto Água 20 LT".
Por meio do esquema criado pela facção, proprietários de estabelecimentos comerciais eram ameaçados para que adquirissem galões de água fornecidos apenas pelo grupo criminoso, além de pagar a taxa de R$ 1 por galão vendido.
Para montar o esquema de abordagem às vítimas, os integrantes da facção, de maneira articulada e com divisão de tarefas, criaram um grupo de WhatsApp, com o objetivo de estabelecer o controle explícito sobre os distribuidores, fazendo vítimas comerciantes de diversos bairros de Cuiabá e Várzea Grande.
De forma ardilosa, os criminosos iniciavam as conversas com tom aparentemente informal e ameno, evoluindo para o constrangimento caso alguma ordem não fosse acatada e passando a praticar o crime de extorsão majorada, sob a ameaça velada de “conversar pessoalmente” com quem tentasse sair do grupo de mensagens, demonstrando a evidente intenção de coagir e intimidar as vítimas.
São cumpridas 30 ordens judiciais, sendo sete mandados de prisão preventiva, nove de buscas e apreensão, duas determinações de proibição de exercício de atividade econômica de empresas, cinco sequestro de veículos e sete bloqueios de contas bancárias, que podem chegar ao valor de R$ 1,5 milhão.