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Terça-feira, 22 de abril de 2025

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NÃO TERIA 'REPERCUSSÃO'

"Valia menos": MP afirma que suspeita matou Emelly por ser negra e de baixa renda

Foto: Reprodução

Na decisão que pede a condenação da bombeira civil Nataly Helen Martins Pereira por oito crimes, o Ministério Público Estadual (MPE), por meio do promotor de Justiça Rinaldo Segundo, apontou que a suspeita atraiu a adolescente Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, para a casa de seus pais não apenas por ser jovem e estar no nono mês de gravidez, mas também por ela ser negra e de baixa renda e por acreditar que seu desaparecimento “não teria repercussão”.


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“Para Nataly, Emelly era uma mulher que valia menos, cujo desaparecimento não teria repercussão social. Tanto é assim que Nataly justifica a decisão de matar Emelly a partir das dificuldades da vítima, consigo mesma e em seu relacionamento conjugal”, destaca a denúncia apresentada pelo MPE nesta quarta-feira (26).

O crime ocorreu no dia 12 de março, quando Nataly atraiu Emelly para sua residência com o pretexto de doar roupas de bebê. Lá, a vítima foi asxiada, amarrada e teve o ventre aberto com uma navalha e uma faca enquanto ainda estava viva.

Para o procurador de Justiça, a acusada avaliou que a adolescente não teria condições financeiras para criar a filha e, por isso, decidiu se apropriar da recém-nascida.

“Nataly vê Emelly como não merecedora, incapaz de criar sua filha, e serve-se das dificuldades econômicas e emocionais da vítima não apenas para atraí-la para a morte, mas também para justificar suas ações criminosas. É violência de gênero a reprodução do estereótipo da mulher pobre, incapaz de criar seus filhos”, diz, em trecho da denúncia.

De acordo com o Laudo Pericial, Emelly foi morta por choque hemorrágico, causado por lesões incisivas na parede abdominal e no útero, que foram produzidas enquanto ainda estava viva. Após cometer o crime, Nataly enterrou o corpo em uma cova rasa dentro da casa dos pais, no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá.

Na tentativa de legitimar a posse da criança, a bombeira civil foi ao Hospital Santa Helena, onde tentou registrar a recém-nascida como sua filha, alegando que havia feito um parto domiciliar. No entanto, a farsa foi descoberta quando os médicos perceberam que ela não apresentava sinais de uma gestação recente.

Nataly segue presa no Presídio Feminino Ana Maria do Couto May. Como revelou o Olhar Jurídico, ela está isolada na cadeia e a defesa deve solicitar o exame de sanidade. 

A bombeira civil foi denunciada pelos crimes de feminicídio, tentativa de aborto, subtração de recém-nascido, parto suposto, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular e uso de documento falso. Seu marido, irmão e cunhado também foram detidos durante a investigação, mas acabaram sendo liberados.
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