A juíza Edna Ederli Coutinho, que expediu nova ordem de prisão contra os quatro militares da Rotam envolvidos no assassinato do advogado Renato Nery, anotou que o homicídio pode ter sido um “crime encomendado”. Isso porque o quarteto simulou um confronto seis dias após a morte de Nery com objetivo de “plantar” a culpa pela posse da arma usada para assassiná-lo. Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB-MT), Nery foi executado a tiros no dia 5 de julho, enquanto chegava em seu escritório, em Cuiabá. Perícia feita no local do crime revelou que as munições alvejadas pertenciam à Polícia Militar.
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“Tal circunstância corrobora com a tese investigativa em que a autoridade policial indica a existência de indícios do crime investigado ter sido empreendido sob o “mando” de outrem, e recaindo a autoria delitiva mediata sobre algum agente da segurança pública, corroborando aos indícios da participação dos representados no crime em tela [...] Evidente a existência da materialidade do delito apurado, e o modus operandi do crime perpetrado revela indícios bastantes de sua prática em contexto de organização criminosa, tratando-se, a priori, de “crime encomendado””, anotou a magistrada.
As motivações ainda não foram reveladas pela polícia, que já está na terceira fase da Operação Office Crime, deflagrada para investigar a execução do advogado. Possível causa seria o envolvimento de Nery em disputas judiciais por terras de valores milionários em Mato Grosso.
A arma em questão foi encontrada na posse dos militares da Rotam Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos, Jorge Rodrigo Martins e Wercerlley Benevides de Oliveira. Trata-se de uma Glock modelo G17, calibre 9mm, número de série VPL 521, 4ª geração.
Laudo pericial atestou que as munições utilizadas no homicídio do advogado pertencem à Polícia Militar do Estado de Mato Grosso. Além disso, o fato de que o quarteto simulou um confronto para plantar a posse da arma em terceiros corroborou a tese de que a execução foi encomendada, e que eles agiram como uma organização criminosa.
As investigações demonstraram, mediante depoimentos, perícias e outras provas técnicas, que o alegado confronto apresentou inconsistências e contradições, indicando que se tratou de uma simulação realizada por eles para justificar a posse da arma utilizada no homicídio do advogado, e fazer crer que a arma pertenceria aos " tais criminosos" que entraram em confronto com eles.
O advogado Renato Nery foi morto a tiros no dia 5 de julho, em frente ao seu escritório, em Cuiabá. A motivação do crime ainda não foi esclarecida, mas possivelmente tem ligação com disputas judiciais por terras em Mato Grosso.
Seis dias depois, um homem morreu e um adolescente ficou ferido em um suposto confronto com a PM, ocorrido na Avenida Contorno Leste. A perícia apontou que a arma usada para matar Nery foi encontrada com as vítimas do confronto, o que levantou suspeitas sobre a atuação dos policiais.
Dentre as incoerências flagradas pelas investigações: segundo laudo, as munições encontradas no local da morte de Nery pertencem à Polícia Militar, a vítima do roubo teria declarado que apenas um dos suspeitos estaria com arma de fogo; o adolescente envolvido no roubo confessou a prática, mas declarou que usou apenas um revólver de brinquedo; as armas de fogo não foram constatadas no local de crime.
Eles foram alvos da terceira fase da Operação Office Crime, deflagrada em fevereiro para investigar o homicídio.