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Terça-feira, 22 de abril de 2025

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TENTARAM PLANTAR A ARMA

Munição da PM e revólver de brinquedo: entenda o que levou à nova prisão dos agentes da Rotam pela execução de Nery

21 Mar 2025 - 09:10

Da Redação - Pedro Coutinho e Luis Vinícius

Foto: Reprodução

Munição da PM e revólver de brinquedo: entenda o que levou à nova prisão dos agentes da Rotam pela execução de Nery
As investigações sobre a execução do advogado Renato Nery revelaram as inconsistências e contradições nos depoimentos dos quatro policiais militares envolvidos, referentes à arma usada para assassiná-lo: uma pistola Glock, modelo G17, calibre 9 milímetros. Já detidos, os policiais Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos, Jorge Rodrigo Martins e Wercerlley Benevides de Oliveira foram alvos de um segundo mandado de prisão nesta terça-feira (18) por simularem um confronto para justificar a posse da arma. A ordem que mandou detê-los é da juíza Edna Ederli Coutinho.


Leia mais: DHPP cumpre mandado de prisão contra policiais da Rotam presos pela morte de Renato Nery

Entenda

Os policiais militares do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Metropolitana (Rotam) presos são: Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos e Wekcerlley Benevides de Oliveira.

As investigações demonstraram, mediante depoimentos, perícias e outras provas técnicas, que o alegado confronto apresentou inconsistências e contradições, indicando que se tratou de uma simulação realizada por eles para justificar a posse da arma utilizada no homicídio do advogado, e fazer crer que a arma pertenceria aos " tais criminosos" que entraram em confronto com eles.

O advogado Renato Nery foi morto a tiros no dia 5 de julho, em frente ao seu escritório, em Cuiabá. A motivação do crime ainda não foi esclarecida, mas possivelmente tem ligação com disputas judiciais por terras em Mato Grosso.

Seis dias depois, um homem morreu e um adolescente ficou ferido em um suposto confronto com a PM, ocorrido na Avenida Contorno Leste. A perícia apontou que a arma usada para matar Nery foi encontrada com as vítimas do confronto, o que levantou suspeitas sobre a atuação dos policiais.

Dentre as incoerências flagradas pelas investigações: segundo laudo, as munições encontradas no local da morte de Nery pertencem à Polícia Militar,  a vítima do roubo teria declarado que apenas um dos suspeitos estaria com arma de fogo; o adolescente envolvido no roubo confessou a prática, mas declarou que usou apenas um revólver de brinquedo; as armas de fogo não foram constatadas no local de crime.

“Nesse contexto, exsurgem indicios do envolvimento dos policiais Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos, Jorge Rodrigo Martins e Wercerlley Benevides de Oliveira na prática do crime investigado, notadamente, haja vista que teriam em seu poder a arma empregada para a prática do crime ventilado nestes autos. Tal circunstância corrobora com a tese investigativa em que a autoridade policial indica a existência de indícios do crime investigado ter sido empreendido sob o “mando” de outrem, e recaindo a autoria delitiva mediata sobre algum agente da segurança pública, corroborando aos indícios da participação dos representados no crime em tela”, anotou a magistrada.

A juíza então determinou a prisão preventiva por 30 dias dos quatro, que já estavam presos, bem como a quebra de sigilo de dados telefônicos e telemáticos dos investigados. Além disso, ordenou buscas em viaturas e dependências do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), em Cuiabá.

Também autorizou a obtenção da escala de plantão de todos os policiais do batalhão no mês de julho, além do rastreamento das viaturas utilizadas pelos investigados e seus deslocamentos. Caso estejam em serviço no momento do cumprimento dos mandados, os veículos poderão ser revistados.

Ainda, a busca nos endereços dos investigados e a análise dos conteúdos de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos, incluindo dados armazenados na nuvem. A Corregedoria-Geral da PM foi acionada para acompanhar as diligências.
 
Além dos policiais, outras duas pessoas foram presas: Alex Roberto de Queiroz Silva, suspeito de executar o advogado, e o sargento Heron Teixeira Pena Vieira, que também integrava a Rotam e cujo papel na ação ainda está sob investigação.

Eles foram alvos da terceira fase da Operação Office Crime, deflagrada em fevereiro para investigar o homicídio. 
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