Além de expedir novo mandado de prisão contra quatro militares do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Metropolitana (Rotam), que já estão detidos por envolvimento no assassinato do advogado Renato Nery, a juíza Edna Ederli Coutinho ordenou a extração dos dados contidos nos celulares dos suspeitos, bem como buscas nas dependências do Batalhão e nas viaturas que eventualmente usaram.
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As ordens pesam contra Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos e Wekcerlley Benevides de Oliveira. Eles são suspeitos de matar um homem e um deixar um adolescente ferido, forjando um confronto na Avenida Contorno Leste, em Cuiabá. A intenção era plantar a arma que assassinou Nery nos homens envolvidos na ocorrência.
As investigações demonstraram, mediante depoimentos, perícias e outras provas técnicas, que o alegado confronto apresentou inconsistências e contradições, indicando que se tratou de uma simulação realizada por eles para justificar a posse da arma utilizada no homicídio do advogado, e fazer crer que a arma pertenceria aos " tais criminosos" que entraram em confronto com eles.
Inclusive, o adolescente alvejado, em depoimento, confessou que participou do crime, mas que usou um revólver de brinquedo. Além disso, as armas reais não foram constatadas no local de crime, conforme laudo pericial de local, o que reforça as evidências de que o quarteto “mexeu” na arma e poderia ter “simulado” o confronto.
Diante de tais inconsistências demonstradas, a juíza determinou a prisão preventiva por 30 dias dos quatro, que já estavam presos, bem como a quebra de sigilo de dados telefônicos e telemáticos dos investigados. Além disso, ordenou buscas em viaturas e dependências do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), em Cuiabá.
A juíza autorizou a obtenção da escala de plantão de todos os policiais do batalhão no mês de julho, além do rastreamento das viaturas utilizadas pelos investigados e seus deslocamentos. Caso estejam em serviço no momento do cumprimento dos mandados, os veículos poderão ser revistados.
Ainda, busca nos endereços dos investigados e a análise dos conteúdos de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos, incluindo dados armazenados na nuvem. A Corregedoria-Geral da PM foi acionada para acompanhar as diligências.
Além dos policiais, outras duas pessoas foram presas: Alex Roberto de Queiroz Silva, suspeito de executar o advogado, e o sargento Heron Teixeira Pena Vieira, que também integrava a Rotam e cujo papel na ação ainda está sob investigação.
O advogado Renato Nery foi morto a tiros no dia 5 de julho, em frente ao seu escritório, em Cuiabá. A motivação do crime ainda não foi esclarecida. Seis dias depois, um homem morreu e um adolescente ficou ferido em um suposto confronto com a PM. A perícia apontou que a arma usada para matar Nery foi encontrada com as vítimas do confronto, o que levantou suspeitas sobre a atuação dos policiais.
A investigação segue em andamento para esclarecer a participação dos envolvidos e possíveis mandantes do crime.