O juiz João Zibordi Lara, da 2ª Vara de Peixoto de Azevedo, afastou o comandante regional da Polícia Militar da cidade, o Major Wilson Pereira Padilha Neto, acusado de ligações com o desaparecimento do jovem Pedro Henrique Ribeiro, de 17 anos, visto pela última vez no batalhão da PM do município, em 6 de outubro de 2023.
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A investigação apura possíveis crimes de sequestro, cárcere privado e homicídio, envolvendo policiais militares. A denúncia foi feita pela mãe do adolescente.
Na ordem, o juiz considerou o depoimento de testemunhas que alegam que Pedro foi levado para o batalhão da PM e agredido. Como resultado da investigação, o Comandante Wilson Pereira Padilha Neto foi afastado do cargo e proibido de se aproximar de Peixoto de Azevedo e de ter contato com outros policiais.
Outras medidas cautelares foram impostas para garantir a imparcialidade da investigação e apurar completamente o desaparecimento do adolescente, como a remoção para outra cidade distante pelo menos 500 km; proibido de morar ou permanecer em Peixoto de Azevedo/MT durante as investigações e proibição de contato com os demais investigados.
A decisão busca esclarecer o caso e responsabilizar os envolvidos no desaparecimento de Pedro Henrique Ribeiro.
Ao Olhar Direto, a cozinheira autônoma Leudiane Prates Ribeiro, de 37 anos, mãe de Pedro, contou que naquela tarde o rapaz havia ido até a casa de uma amiga para fumar maconha.
No entanto, ao chegar no local, ele foi surpreendido com a presença de militares que estavam dando “baculejo” no interior da residência. À reportagem, ela revelou que os agentes utilizam um carro descaracterizado estacionado na frente da casa.
“Ele foi levado na sexta-feira por volta de 1h da tarde. Ele tinha ido na casa de uma amiga para fumar maconha, uma jovem de 18 anos. Só que lá dentro estavam os 4 PMs fazendo baculejo”, contou. Conforme Leudiane, Pedro chegou à casa da amiga em uma motocicleta Honda Biz que havia pegado emprestado de sua prima e somente ele foi levado ao batalhão da Polícia Militar.
A cozinheira relatou que, logo após a abordagem, a prima do jovem foi à unidade da PM para recuperar sua moto. No local, ela avistou Pedro em uma sala e afirmou que os dois foram ofendidos por um policial. Esse foi o último contato de um parente com o rapaz.
Com a informação de que o filho se encontrava no batalhão da Polícia Militar, Leudiane imediatamente foi até a unidade. Contudo, ao solicitar informações que alguém com características de Pedro havia sido apreendido, um policial respondeu que “não estava mais lá” e que “tinha saído pela porta da frente”. “Meu filho tem que aparecer vivo ou morto”, disse a mãe do rapaz.
Prates soube pela prima de João que na base policial tinha câmera de segurança. Ela disse à mãe do rapaz que viu as imagens em tempo real de gravações quando foi buscar a moto. A cozinheira disse que pediu uma advogada para solicitar as gravações do circuito interno e confirmar a informação do agente de que Pedro tinha sido solto, mas sem sucesso.
Antes disso, a prima do rapaz disse que os equipamentos foram desligados e retirados, segundo informações do boletim de ocorrência. Além de um boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, a cozinheira registrou o caso na 1ª Promotoria de Justiça Cível de Peixoto de Azevedo a fim de esclarecimentos. Procurada, a Polícia Militar não respondeu aos questionamento da reportagem até essa publicação.
Outro lado
A Polícia Militar informa que está em trabalho conjunto com as autoridades competentes na investigação sobre o desaparecimento de um menor, de 17 anos, ocorrido no dia 06 de outubro, em Peixoto de Azevedo.
Informações do 22º Batalhão de Peixoto de Azevedo são de que o menor foi abordado pela equipe policial, por suspeita de tráfico de drogas, e liberado após nada de ilícito ser encontrado com ele.