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Sexta-feira, 28 de março de 2025

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PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

Ex-vereador réu por lavar dinheiro com o CV nega que 'sumiu' e reforça que está à disposição da Justiça

Foto: Reprodução

Ex-vereador réu por lavar dinheiro com o CV nega que 'sumiu' e reforça que está à disposição da Justiça
A defesa do ex-vereador Paulo Henrique de Figueiredo (MDB), réu por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, informou que sempre se colocou à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários nas operações Ragnatela e Pubblicare, bem como que compareceu aos atos do processo sempre que fora intimado.


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Por meio de nota encaminhada à reportagem nesta quarta-feira (29), os advogados Ricardo S. Spinelli e Vinícius Falcão se manifestaram em relação à notícia veiculada ontem (28) pelo Olhar Jurídico, a qual informou que Paulo Henrique “sumiu” da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, em razão das infrutíferas tentativas de citação por parte do Oficial de Justiça na ação proveniente da Operação Pubblicare.

A defesa confirmou ainda que o endereço de Paulo é de inteiro conhecimento das autoridades, de modo que sempre foi intimado.

“Mais uma vez, reforça a regularidade de sua postura processual, estando a inteira disposição do Poder Judiciário, aguardando a citação formal em endereço já conhecido, a fim de apresentar a defesa no processo”, afirmaram.

Paulo chegou a ser preso pela Polícia Federal em setembro do ano passado, quando a Operação Pubblicare foi deflagrada contra esquema do Comando Vermelho que lavou milhões em Cuiabá, por meio de shows nacionais em casas noturnas comandadas pela facção.

Solto menos de uma semana depois da prisão, por força de habeas corpus, ele se tornou réu no dia 12 de novembro, data em que o juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, acatou a denúncia ministerial. No mesmo dia, o magistrado expediu mandado para que ele respondesse as acusações por meio de defesa constituída. No entanto, ele não foi citado pelo menos até o último dia 15 de janeiro.

Nesta terça-feira (28), o oficial de justiça que tentou proceder a intimação de Paulo devolveu o mandado nos autos e informou que ele não foi encontrado em seu apartamento. No dia 15, o oficial realizou diligências, infrutíferas, no prédio dele. Ao chegar no local, foi atendido pelo porteiro, que tentou contato com o apartamento do ex-vereador, porém não havia ninguém em casa.

O oficial solicitou acesso e foi até o apartamento acompanhado pelo segurança do prédio, mas não havia ninguém no imóvel. Indagado, o segurança informou que não observa movimentação no local há vários dias.  

Também sem retorno a ligação direta feita ao número informado por Paulo, que estava desligado, e infrutífera a tentativa de intimação feita pelo WhatsApp, a qual não obteve resposta. “Diante do exposto, devolvo o respeitável mandado para as providências cabíveis”, informou o oficial. Ainda não havia manifestação da defesa nos autos até a publicação desta matéria.

Ligação com o CV

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), ao denunciar o ex-parlamentar na Operação Pubblicare, detalhou transações financeiras e operações suspeitas que, segundo as investigações, apontam para sistema de lavagem de dinheiro e corrupção. Paulo seria o elo entre agentes públicos e lideranças do Comando Vermelho, em Cuiabá. Naquele dia 12, então, foi proferida a decisão que o tornou réu.

Assinada pelo coordenador do Gaeco, Adriano Roberto Alves, a denúncia enfatiza a gravidade das práticas de Paulo, e requereu que ele seja condenado a ressarcir os cofres públicos e indenizar os prejuízos à sociedade.

Alves aponta que Paulo seria a liderança do CV, responsável pela execução do esquema através de propinas recebidas de promotores de eventos na capital, sendo a maioria deles integrantes da facção.

Essas transações, que somam valores consideráveis, envolvem tanto contas pessoais quanto a conta do Sindicato dos Auditores Fiscais do Estado de Mato Grosso (SINDARF/MT), presidido pelo próprio Paulo Henrique.

Uma parte significativa desses valores teria sido transferida para empresas vinculadas a William Gordão, um dos investigados da Ragnatela, primeira fase da Pubblicare, que possui relação direta com o CV e é apontado como peça-chave na lavagem de dinheiro.

Entre a conta de Paulo Henrique e as empresas Expresso Lava Car e Complexo Beira Rio Eventos, ambas de propriedade de William Gordão, foram detectadas transações de R$ 15 mil, que, segundo o MP, sugerem um fluxo constante e premeditado de recursos.

Além disso, foram destacadas transações provenientes da empresa Dom Carmindo, também usada pelo CV para lavagem, para a conta de Paulo Henrique, o que reforça o vínculo do ex-vereador com atividades financeiras ilícitas.

O Sindarf também seria usado por Paulo para movimentar dinheiro com membros do CV. As investigações flagraram sete transações entre o sindicato e o Expresso Lava CAr, totalizando R$ 67,9 mil, reforçando a alegação de que a entidade estaria sendo usado para o repasse de vantagens indevidas ao investigado.

O MP afirma que o padrão regular dessas transações sugere um esquema de pagamento coordenado, utilizado para manter a colaboração de Paulo Henrique e outros fiscais do sindicato em prol do grupo criminoso.

Entre 2021 e 2024, somando os valores descritos na denúncia neste período, chega-se ao total de R$ 99.745,00, distribuídos assim: R$ 15 mil entre Paulo e empresas de William Gordão (Expresso Lava Car e Complexo Beira Rio Eventos), R$ 2 mil recebidos da Dom Carmindo, R$ 2.500 transferidos para o Dallas Bar (também de Gordão), R$ 67.900,00 - Transações entre o Sindarf e a Expresso Lava Car, R$ 10.545,00 em aquisição de telhas para Sindicato pela Expresso Lava Car, R$ 1.800,00 de Paulo Henrique a William Gordão.
 
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