O juiz João Zibordi Lara determinou a restituição de pouco mais de R$ 11 mil e dois computadores ao vereador por Peixoto de Azevedo, Thawê Rodrigues Dorta, o Thawê Garimpeiro, bem como o manteve no polo passivo da ação proveniente da Operação Diaphtora. A ofensiva policial, deflagrada em março de 2024, desarticulou “gabinete do crime” instalado no escritório do delegado Geordan Fontenelle, em Peixoto.
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Thawê pediu a restituição dos seus bens, apreendidos no âmbito da operação. O juiz constatou que a extração dos dados contidos nos aparelhos em questão foi finalizada e, com isso, acatou o pleito.
Zibordi Lara, no entanto, negou excluir o nome do garimpeiro do polo passivo da ação, mesmo com o argumento de que ele teria sido eleito vereador. O magistrado explicou que as investigações da operação ainda estão em andamento e, portanto, deve mantê-lo no processo.
Com R$ 3 milhões em bens declarados à Justiça Eleitoral, Garimpeiro foi eleito no município com 485 votos. Sócio de diversas empresas e proprietário de carros de alto padrão, ele é acusado de integrar o esquema supostamente comandado por Fontenelle.
Em maio, Geordan Fontenelle, o investigador da Polícia Civil Marcos Paulo Angeli, o advogado Gefferson Cavalcanti Paixão e o garimpeiro foram indiciados por corrupção passiva, falsidade ideológica e associação criminosa.
De acordo com a operação, o gabinete de Geordan era usado como um escritório do crime, onde ocorria a cobrança de propina contra pessoas que eram remetidas à delegacia de Peixoto.
no âmbito da Operação Diaphthora, deflagrada no dia 17 de março para desarticular esquema de cobrança de propina supostamente liderado por Geordan, orquestrado de dentro de sua sala, classificada pelas investigações como “gabinete do crime”.
Geordan foi indiciado por corrupção passiva (seis vezes), associação criminosa, falsidade ideológica e advocacia administrativa. Segundo principal alvo da operação, Marcos Paulo foi acusado de corrupção passiva (4 vezes) e associação criminosa. O advogado por corrupção passiva (3 vezes) e associação criminosa. O garimpeiro por corrupção passiva.
No decorrer das investigações revelou-se que o delegado, junto com o investigador, negociava fiança de R$ 15 mil para liberar custodiado, confessou receber repasse mensal de R$ 2 mil de cooperativa alvo da Polícia Federal por comercio ilegal de mercúrio e cobrava R$ 10 mil de “diária” para que acusados pudessem ficar em alojamento para policiais na delegacia de Peixoto de Azevedo.
Interceptações no “gabinete do crime” de Geordan, como seu escritório público era chamado, revelaram que ele e o investigador Marcos combinam o valor de R$ 15 mil para reaver uma caminhonete Ford Ranger a uma vítima de golpe de intermediação de compra a venda de veículo.
Para arbitrar fiança em favor de A.P.G., os dois cobraram R$ 10 mil para liberar o custodiado. Deste total, mil foram usados para a soltura, ao passo que os outros 9 mil foram divididos entre eles e a advogada que acompanhou o custodiado.
Não bastasse, a investigação ainda revelou que Geordan temia os desdobramentos da Operação Hermes II, deflagrada pela polícia federal contra esquema milionário de venda ilegal de mercúrio no país.
Fontenelle confessou receber mensalmente R$ 2 mil da Cooperativa Coogavepe, alvo da PF, e, por conta da operação, provavelmente ocorreria o fim do repasse, já que houve o bloqueio de bens e valores.
Há ainda os R$ 10 mil referente às diárias. Em conversa com Marcos, Geordan sugere que cobrou o valor de suspeito identificado como A.J.S.O., também alvo da Operação Hermes II. No diálogo, o delegado disse que manteve o acusado em alojamento exclusivo para policiais plantonistas.
Fontenelle pediu demissão do cargo após entrar na mira da operação. Ele e os demais réus, com exceção de Thawê, são monitorados por tornozeleira eletrônica.