O Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MP-MT) solicitou ao Judiciário que decrete a prisão preventiva de Taíza Tosatt Eleotério Ratola, a “musa dos investimentos de pirâmide”, além do sequestro de um veículo Ford Ranger. Requerimento, conforme manifestação do promotor de Justiça Sérgio Silva da Costa, visa garantir a ordem pública e econômica, além de assegurar a instrução criminal em um caso que envolve lavagem de dinheiro, estelionato e crimes contra a economia popular. Na peça, Costa lembrou do prejuízo milionário de uma idosa vítima de Taíza, além das outras 30 que, somadas, tiveram prejuízos superior aos R$ 4 milhões.
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Taíza foi presa em flagrante no dia 1º de novembro de 2024 após a polícia encontrar 15 munições de uso restrito calibre .357 e anabolizantes em sua residência, no âmbito da Operação Cleópatra, que a mirava por supostamente liderar esquema de pirâmide.
Contudo, a gravidade do caso já era intensificada diante das investigações que evidenciaram esquema de pirâmide financeira operado pela empresa TR Investimentos, cuja proprietária é Taiza, que teria causado prejuízo de quase R$ 5 milhões a mais de 30 vítimas em diversos estados.
As vítimas, muitas delas atraídas por promessas de lucro elevado, relataram ter vendido bens e contraído dívidas acreditando na segurança dos investimentos ofertados por Taíza. Uma das maiores perdas foi relatada por uma idosa de 76 anos, que investiu R$ 1.186.250,00 e perdeu todo o valor.
A defesa da “empresária”, patrocinada pelo advogado Geovani Santin, alega que os crimes ocorreram entre 2020 e 2022, e que o decreto prisional, portanto, estaria sem contemporaneidade.
Por sua vez, o órgão ministerial afirma que a prática criminosa de Taíza se manteve ativa até recentemente. Isso foi evidenciado após a exposição do caso em rede nacional, ocasião que ela teria criado um novo perfil no Instagram, @daytradeassertivo, usado para atrair novas vítimas. Segundo a denúncia, vídeos mostram Taíza orientando operações financeiras realizadas por seu atual companheiro, Wander Aguilera Almeida.
Além disso, há suspeitas de que Taíza ocultou parte de seu patrimônio, incluindo R$ 2 milhões, em uma conta em nome de seu irmão de apenas 13 anos. A mudança de domicílio para Sinop-MT após a exposição pública também foi considerada indicativo de tentativa de fuga.
Diante disso, o promotor sustentou que os critérios para a manutenção da prisão preventiva continuam presentes, destacando o periculum libertatis – o risco que a liberdade de Taíza representa à ordem pública e à instrução do processo. Além disso, a promotoria reforçou a necessidade de sequestrar o veículo Ford Ranger, registrado em nome de Diego Rodrigues Flores, para ressarcir parcialmente as vítimas, pedindo que ele seja incorporado à frota da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (DECON).
Dias após ser presa, Taíza e seu atual esposo e também alvo da operação, Wander Aguilera Almeida, foram soltos pela juíza Débora Roberta Pain Caldas, a qual condicionou as respectivas liberdades ao cumprimento de medidas cautelares. Dentre as medidas, o monitoramento por tornozeleira eletrônica, a proibição de se ausentarem de Sinop por 10 dias e a proibição do contato com qualquer fornecedor de medicação irregular.
O Ministério Público destacou que Taíza foi a “mente” por trás do esquema criminoso, que envolveu não apenas seus parceiros denunciados, mas também familiares e amigos, em uma complexa rede de aliciamento. O pedido ao Judiciário sobre o pedido de manutenção da prisão preventiva e o sequestro do veículo ainda não teve uma decisão da 7ª Vara Criminal, onde tramita o processo.