O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, manteve a prisão de quatro envolvidos na sessão de espancamento que culminou na morte do síndico Hildebland Pereira da Silva, 35, ocorrida no dia 31 de janeiro. Existe a suspeita de que a vítima, que administrava o condomínio Chapada dos Pinhais, onde foi brutalmente agredido, teria furtado R$ 160 mil de uma “central da fraude” do Comando Vermelho. Sentença foi proferida nesta quarta-feira (27).
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De acordo com a denúncia ministerial, Hildebland Pereira da Silva foi abordado por David Fagner Pinheiro Maicá e João Bruno da Silva Oliveira, espancado e, depois, roubado. De volta ao condomínio, foi novamente agredido e levou um tiro na perda. Ele foi socorrido em estado grave, mas morreu no hospital, 21 dias depois.
Existe a suspeita de que a motivação do crime teria sido, de fato, a acusação de que Hildebland teria surrupiado R$ 160 mil de David Fagner. Para punir o furto, o síndico foi espancado, roubado e, posteriormente, morto.
A polícia identificou vínculos entre os suspeitos e a facção, sendo a maioria deles já conhecida por envolvimento em crimes graves, como tráfico e roubo. Os acusados respondem por latrocínio e associação criminosa. Durante as investigações, a polícia constatou que o síndico do condomínio não havia furtado o dinheiro.
“Mantidos os pressupostos da cautelar, tenho que a análise mais acurada sobre a autoria dos delitos, como pretendem as defesas, deve ser reservada à sentença, após a conclusão da instrução do feito, não sendo possível passar por um julgamento exauriente neste momento. Por este motivo, indefiro os pedidos de revogação de prisão preventiva”, explicou o juiz.
No mesmo despacho, Bezerra manteve as prisões preventivas dos outros acusados, David Fagner Pinheiro Maicá, João Bruno da Silva Oliveira, Augusto Santos Dias e Júlio César da Cruz Machado. A decisão se baseou na gravidade do crime, que envolveu intenso sofrimento físico da vítima antes de sua morte, e nas conexões dos réus com a facção criminosa Comando Vermelho.
Hildebland, por ser síndico do condomínio, observava a constante movimentação de pessoas em um apartamento vazio através das câmeras de segurança. Ao perceber que o local estava desocupado, Hildebland entrou no apartamento e furtou R$ 160 mil. Uma testemunha afirmou que ele comprou uma moto no valor de R$ 50 mil e passou a “ostentar” dinheiro. Essa informação, no entanto, é investigada pela Polícia Civil.
Ao saber dessa “ostentação", o possível dono do dinheiro deu início a uma série de ameaças a Hildebland através de mensagens de áudio. Em dado momento, o suspeito que seria dono da quantia vai ao condomínio e pressiona Hildebland para devolver o dinheiro.
Hildebland então deu a moto e outro veículo para tentar chegar próximo a dívida de R$ 160 mil, mas mesmo assim foi espancado.
Relembre
Como noticiado pelo Olhar Direto, a tentativa de latrocínio contra Hildebland ocorreu no dia 31 de janeiro. A esposa da vítima procurou a Polícia Civil e relatou que o marido saiu com o veículo na tarde de quarta-feira (30) e retornou cerca de uma hora depois em outro veículo, um Volkswagen Voyage.
Ao chegar na portaria do condomínio, Hildebrand exigiu que o portão fosse aberto com urgência. A esposa tomou conhecimento dos fatos após receber uma ligação da portaria do prédio.
Logo depois, um vizinho encontrou o rapaz caído ensanguentado em seu apartamento, enquanto viu uma pessoa saindo do imóvel, pegando a moto da vítima.
Socorrido, Hildebland foi levado para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), onde ficou internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até morrer nesta quarta-feira (21).
Vizinho identificado
Câmeras de segurança do condomínio residencial flagraram o suspeito, que é morador do mesmo prédio, correndo após cometer o crime. Diante das informações, a Polícia Militar chegou a ir ao apartamento do criminoso, mas ele não foi encontrado.
No imóvel, a polícia encontrou uma arma calibre .40, possivelmente usada no crime, além de roupas. Ele ainda segue desaparecido, de acordo com a Polícia Civil.