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Terça-feira, 10 de dezembro de 2024

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OPERAÇÃO PUBBLICARE

Vereador afastado, Paulo Henrique cobrou e recebeu dinheiro de membro do CV para "comprar" vaga de conselheiro tutelar na capital

Foto: Olhar Direto

Vereador afastado, Paulo Henrique cobrou e recebeu dinheiro de membro do CV para
Denúncia da Operação Pubblicare, que resultou na prisão do vereador afastado Paulo Henrique Figueiredo (MDB) no dia 20 de setembro, revelou que ele tentou “comprar” apoio para candidatos à vaga de conselheiro tutelar de Cuiabá.


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Interceptações no celular de Paulo revelaram que ele entrou em contato com Ronnei Antônio da Silva, um dos responsáveis pelo bar Quiosque Xomano, no bairro CPA, e lhe cobrou apoio financeiro para os candidatos à vaga de conselheiro tutelar.

Ao pedir dinheiro para Ronnei, Paulo lembrou que Willian Aparecido, o Willian Gordão, membro do Comando Vermelho proprietário de diversas empresas usadas pela facção para lavar dinheiro, e Rodrigo Leal, seu ex-assessor e também peça chave no esquema, já teriam lhe ajudado. Gordão o teria enviado R$ 500 e Leal, R$ 1.000. Segundo as investigações, Ronnei colaborou com R$ 300.

“Ainda, em 29 de outubro de 2023, o vereador PAULO HENRIQUE entra em contato com RONNEI, solicitando apoio financeiro para os candidatos à vaga de conselheiro tutelar, a qual colaborou com R$ 300,00 (trezentos reais), além de ficar evidente nos valores enviados por WILLIAN GORDÃO E RODRIGO LEAL que tinham uma relação próxima com o vereador”, diz trecho da denúncia.



Em decisão proferida nesta terça-feira (12), o juiz Jean Garcia de Freitas, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, recebeu denúncia do Ministério Público (MPE) e tornou réu o vereador afastado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Paulo foi alvo da Operação Pubblicare, deflagrada pela Polícia Federal em setembro contra esquema de lavagem de dinheiro entre o Comando Vermelho e agentes públicos.

A acusação, assinada pelo promotor e coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), Adriano Roberto Alves, aponta que Paulo Henrique era a liderança do CV responsável pela prática de corrupção e lavagem de dinheiro, através de propinas recebidas de promotores de eventos na capital, sendo a maioria deles integrantes da facção.

O esquema usava casas noturnas para também lavar dinheiro obtido com as práticas criminosas, de acordo com a denúncia.

Os elementos comprobatórios diligenciados na operação demonstraram o recebimento de propinas de promotores de eventos e até mesmo do CV, através de Willian Gordão (alvo da primeira fase da Operação, chamada Ragnatela), evidenciando a prática de corrupção e organização criminosa.

O promotor ainda apontou que existem elementos que indicam a prática de lavagem de dinheiro, especialmente porque Paulo usou de terceiros para transacionar valores expressivos, cuja origem, segundo a denúncia, provém da corrupção e do uso dessas pessoas para ocultação de patrimônio.

O fato mais grave elencado na denúncia foi a ligação em grupo feita entre Paulo e a liderança do Comando Vermelho e principal alvo da Ragnatela, Joadir Alves Gonçalves, vulgo "Jogador", e uma reunião presencial entre eles para tentar evitar ou reduzir a punição aplicada ao seu assessor, Rodrigo de Souza Leal.

“Verifica-se que, o vereador PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO era a liderança do CV responsável pela prática de corrupção e lavagem de dinheiro, através de propinas recebidas de promotores de eventos em Cuiabá/MT, sendo a maioria deles integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, que se utiliza de casas noturnas para também lavar dinheiro obtido com suas práticas criminosas”, anotou o promotor.

Além dele, foram indiciados José Márcio Ambrósio Vieira, por lavagem de dinheiro e organização criminosa, apontado como seu testa de ferro; José Maria Assunção e Rodrigo Anderson de Arruda Rosa, por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, e Ronnei Antônio Souza da Silva por corrupção ativa.

No dia 25 de setembro, ao decidir revogar a prisão de Figueiredo cinco dias após a detenção, o desembargador Luiz Ferreira da Silva o afastou Paulo da Câmara Municipal.

Presidente do Sindicato dos Agentes de Fiscalização do Município de Cuiabá, ele é acusado de usar sua influência com os fiscais e o cargo político para facilitar eventos promovidos pelo Comando Vermelho em casas noturnas da capital, usadas para lavar o dinheiro da facção.

Apesar de ter sido colocado em liberdade provisória, Paulo é monitorado por tornozeleira eletrônica e não poderá frequentar a Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil, bem como quaisquer órgãos da administração pública direta ou indireta do município de Cuiabá.

Ele deverá manter seu contato com a Justiça atualizado, comparecendo a todos os atos do processo, e foi proibido de manter quaisquer meios de comunicação com os demais investigados, inclusive com eventuais testemunhas.
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