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Terça-feira, 10 de dezembro de 2024

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ALVO DA RAGNATELA

Juiz mantém apreensão de Camaro, joias e relogios de empresário acusado de "rentabilizar" lucros do CV em Cuiabá

Foto: Reprodução

Juiz mantém apreensão de Camaro, joias e relogios de empresário acusado de
O coach e empresário Agner Luiz Pereira de Oliveira Soares, réu na Operação Ragnatela por supostamente “rentabilizar” os lucros obtidos pelo Comando Vermelho, recebeu decisão negativa do juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que manteve as apreensões ocorridas na sua mansão, situada no condomínio Belvedere, capital.


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No dia que a Polícia Federal deflagrou a operação, no começo de junho, os agentes apreenderam um veículo GM Camaro, relógios, correntes e anéis, além de dinheiro em espécie, cerca de R$ 18.950,00. A equipe também apreendeu celulares, incluindo um aparelho destruído que, segundo Agner, fora danificado em um desentendimento com sua esposa.

Defesa de Agner ajuizou preliminar à 7ª Vara, questionando a validade das buscas e apreensões ocorridas na sua casa, e o sequestro de seus ativos, buscando anular o ato.

O argumento é que a decisão judicial que autorizou o “baculejo” careceu de fundamentação sobre a necessidade e adequação do sequestro de bens, incluindo veículos de terceiros. Apontou ainda que o ato seria uma “pescaria probatória” (fishing expedition), pois teria ocorrido sem justificativa suficiente, configurando uma coleta indiscriminada de provas.

Examinando o pedido, o juiz rechaçou os argumentos e destacou que a operação foi executada dentro da legalidade e fundamentada em indícios sólidos da existência de uma organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e corrupção.

O juiz refutou a alegação de “pescaria probatória”, sustentando que as circunstâncias e a fundamentação da decisão judicial autorizaram a busca e apreensão, inclusive com o arrombamento da janela, quando necessário.

A rejeição da nulidade buscou, desta forma, garantir a continuidade da apuração e da coleta de provas, baseando-se na presunção de envolvimento do réu em crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa.

“Logo, não há que se falar em ilicitude e nulidade das provas obtidas durante a aludida diligência, pois, conforme dito alhures, a aludida medida foi deferida diante de indícios suficientes acerca da existência de organização criminosa estruturada, na qual os integrantes atuam incessantemente visando à obtenção de lucro fácil, mediante a prática de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Diante do exposto, rejeito as preliminares arguidas”, diz trecho da decisão.

Após entrar na mira da Operação, Agner fechou uma unidade da farmácia Bom Preço, situada na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, do CPA, em frente à sede da PF. Nas redes sociais, Agner se apresentava como empresário e investidor, além de ostentar uma vida de luxo. Ele também seria responsável por ‘lavar’ dinheiro do Comando Vermelho, além de fazer os lucros da organização criminosa renderem através de ações como empréstimo a juros acima de 10%, segundo a Ragnatela.

Ragnatela
 
Em junho, a Polícia Federal deflagrou a operação Ragnatela para combater a lavagem de dinheiro orquestrada pelo grupo, que conta com integrantes do Comando Vermelho, empresários, promotores de eventos, e agentes públicos.

Casas de shows, lava jato, restaurantes e estabelecimentos comerciais eram usados como fachada para camuflar a origem ilícita dos valores obtidos. Segundo a PF, o vereador Paulo Henrique (MDB), réu no âmbito da Pubblicare, desdobramento da Ragnatela, é acusado de usar sua influência na obtenção licenças por meio de fiscais da Prefeitura da Capital em benefício ao grupo do Comando Vermelho para realização de shows nacionais na capital.

A reportagem apurou que o empresário e dono do Dallas Bar, que foi comprado por R$ 800 mil pela facção criminosa, Willian Aparecido da Costa Pereira foi preso. Já o DJ Everton Muniz, mais conhecido como Everton Detona, foi alvo de busca e apreensão. O foco da investigação é desbaratar esquema de lavagem de dinheiro. 

A autoridade policial também apontou que servidores de uma secretaria do município também estão envolvidos no esquema. Isso porque, eles eram responsáveis pela fiscalização dessas casas noturnas, além da concessão das autorizações para a realização de shows.

O esquema ganhou evidência após uma apresentação do cantor nacional MC Daniel ser interrompida por conta do comportamento hostil do público com o artista apenas por ele ser do estado de São Paulo, dominado por uma facção rival, o Primeiro Comando da Capial (PCC). 
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