Atual companheiro da empresária Taiza Tosatt, conhecida como “musa” dos investimentos, Wender Aguilera Almeida foi mantido preso por ordem do desembargador Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, que negou habeas corpus ajuizado a seu favor. O casal foi preso em flagrante na última quinta-feira (31) durante a Operação Cleópatra, a qual aponta Taiza como líder de esquema de pirâmide que causou prejuízos de R$ 2,5 milhões às dezenas de vítimas em Cuiabá e outras cidades de Mato Grosso.
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Na residência de Taiza, situada num condomínio de luxo de Sinop, os policias apreenderam sete cheques que totalizaram R$ 419 mil, cheques em branco, colares em ouro e prata, relógios Swarovski, Jeep Renegade, moto da BMW, cartões, frascos e mais frascos de anabolizantes proibidos no Brasil, três notebooks, celulares, 17 pen drives, munições calibre .357 de uso restrito.
No plantão de sábado (2), o juiz Mirko Vincenzo Giannotte da Comarca de Sinop, converteu em preventiva a prisão em flagrante de Wender e Taiza. Na mesma ordem, o magistrado negou decretar o sigilo ao processo.
Contra a preventiva, Wender ajuizou habeas corpus no Tribunal de Justiça (TJMT) pedindo a revogação da mesma. A defesa alegou ausência de indícios suficientes de autoria e materialidade, as munições apreendidas no imóvel são de propriedade do ex-esposo de Taiza, o qual, acabou deixando na residência dela, eis que é Policial Federal, a prisão foi decretada sem a devida individualização das condutas, ausência de fundamentação na decisão e possui predicados pessoais favoráveis.
Examinando o pedido, porém, o desembargador decidiu negá-los, pois não verificou o alegado constrangimento ilegal que pudesse conceder a liminar pretendia.
Também anotou o magistrado que, diante da complexidade dos fatos, é imprescindível as informações a serem fornecidas pelo juízo de primeiro piso para uma análise mais aprofundada dos elementos de convicção constantes dos autos, a fim de se verificar a apontada existência de constrangimento.
“Por consequência, estou convencido de que a antecipação da liminar configuraria medida desaconselhada, fazendo-se prudente, antes, as informações da Autoridade Coatora e a coleta do parecer da Procuradoria-Geral de Justiça para que, posteriormente, o Habeas Corpus possa ser submetido ao crivo do colegiado. Desta forma, entendo que o paciente não faz jus à tutela de urgência”, decidiu ao negar o HC.
Diante do indeferimento liminar, Jorge Luiz Tadeu Rodrigues requisitou informações da primeira instância e intimou a procuradoria para manifestação. Decisão é da última sexta-feira (8).
Durante as buscas realizadas na residência de Tossat, os agentes apreenderam cheques em nome das vítimas do esquema capitaneado por ela, totalizando R$ 419 mil, veículos, moto da marca BMW, joias, anabolizantes proibidos no país e munições de uso restrito.
Para fundamentar a preventiva, o juiz anotou que as medidas cautelares alternativas não seriam suficientes para o caso. Segundo Giannotte, a gravidade concreta das condutas do casal a qual indica habitualidade delitiva, da quantidade e variedade de itens apreendidos, o que sugeriu atividade criminosa estruturada, a presença de munições de uso restrito, que revelou o grau de periculosidade, e, por fim, os antecedentes criminais dos dois, demonstrando que medidas diversas ao cárcere seriam ineficazes.
Ela se apresentava nas redes sociais como uma jovem e bem-sucedida especialista em investimentos, prometendo lucros exorbitantes de 2% a 6% ao dia, dependendo do valor investido. Com esses argumentos, a empresária convencia as vítimas a realizar aplicações iniciais superiores a R$ 100 mil em ações, entrando em um esquema de pirâmide financeira.
Inicialmente, as vítimas recebiam o retorno financeiro prometido e eram incentivadas a investir novamente. No entanto, após alguns meses, os pagamentos cessaram, e Taiza passou a inventar justificativas até parar de responder às vítimas, que começaram a perceber o golpe.
Além de Taiza Tossat, a operação tem como alvos um médico e um ex-policial federal, que, segundo as investigações, colaboravam com o esquema.
O ex-policial, ex-marido da empresária, atuava como gestor de negócios, enquanto o médico exercia a função de diretor administrativo na empresa DT Investimentos. Juntos, eles formavam o grupo criminoso que impactou o planejamento financeiro de diversas famílias, incluindo amigos e parentes dos próprios envolvidos.
As ordens judiciais da operação incluíram o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão e o bloqueio de bens e valores dos investigados nas cidades de Cuiabá, Jaciara, Rondonópolis e Sinop.
Em seu depoimento à autoridade policial, Tosatt ficou em silêncio sobre os indícios que resultaram na Operação. Sobre a munição, Taiza disse inicialmente que pertence ao seu atual companheiro (também preso), Wander Almeida.
Contudo, posteriormente, ela mudou a versão e disse que o material bélico é do seu ex-marido, Ricardo Ratola (também alvo da operação), e que ficou de entregar ao advogado dele, mas ainda não havia conseguido.
Sobre os anabolizantes, Taiza e Wander confessaram que seriam dele, aplicados para repor déficit de testosterona e porque ela estaria tentando engravidar.