Cinco fazendas que totalizam mais de 3.500 hectares de terra, apartamentos de luxo em Cuiabá e Santa Catarina, aviões, terrenos, 10 caminhonetes, mais de quinze motos, três carros, caminhões e lotes compõem o patrimônio milionário deixado pelo advogado Roberto Zampieri, assassinado a tiros em dezembro de 2023, em Cuiabá. Somente o valor dos aviões, um Cessna Aircraft modelo T182T e um Raytheon Aircraf modelo 58, chega perto dos R$ 7 milhões. Já um apartamento no luxuoso Splendour of The Seas Residence, em Itapema, pode chegar aos R$ 3,2 milhões.
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Os herdeiros de Zampieri está pedindo na Justiça a abertura do seu inventário, bem como autorização para venda dos bens, além da transferência da fração ideal da propriedade do espólio sobre alguns bens para uma herdeira, e concessão para o pagamento de dívidas, impostos e manutenção do espólio.
Compõem o patrimônio imóvel de Zampieri as fazendas São João da Saloba/ Serra Grande (Rosário Oeste), 50% da Perdizes 3 (Ribeirão Cascalheira), Bela Vista (Santo Antônio do Leverger), Cuyaba (Chapada dos Guimarães) e áreas da Carumbé (em VG), apartamento no Di Cavalcanti, unidade no Condomínio Supremo Itália, Terreno na 24 de Outubro, Cuiabá, escritório de advocacia no Bosque da Saúde, Lote no Condomínio Naútico de Serviços Portal das Águas, apartamento no luxuoso Edificio Splendour of The Seas Residence, em Itapema, Santa Catarina.
Dentre os bens móveis, foram listados dois aviões, um caminhão VOLVO, um caminhão Mercedez, uma caminhonete Ford 350, uma Toyota Tundra, uma S10, uma Ford F-4000, uma Pajero Dakar, Toyota Hilux, Fiat Toro, Renault Oroch, Triton L200, uma Nissan Frontier, um VW Polo, Fiat Strada, Peugeot Expert,15 motocicletas Yamaha, entre 125 150 cilindradas, das Honda Bross, automóvel semi-reboque e um rebote.
O advogado não deixou testamento e, por isso, a divisão de bens será feita de acordo com o desenrolar do processo. O inventário também apresenta a existência de dívidas. Destacam-se uma ação de cobrança por compra de novilhas num leilão, que ultrapassa os R$ 500 mil, IPTU de imóveis em Cuiabá, na casa dos 51 mil e débito referente à infração assinada pela Sema.
Zampieri foi assassinado com cerca de 10 tiros no dia 5 de dezembro de 2023, enquanto deixava o seu escritório no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. O seu algoz, Antônio Gomes da Silva, que confessou o crime, bem como os outros dois acusados de envolvimento, o Coronel do Exército Etevaldo Caçadini (financiador) e Hidelerson Barbosa, veterano do exército acusado de intermediar a execução.
De acordo com as investigações, os mandantes do crime são o produtor rural Aníbal Manoel Laurindo, tendo como financiador o coronel do Exército Etevaldo Caçadini. As provas foram insuficientes para indiciar Elenice.
Segundo apurado pelo Olhar Direto, o delegado Nilson Farias comprovou o nexo entre Aníbal e Caçadini, e o vínculo destes com os executores, Antônio Gomes da Silva, suspeito de ter atirado contra o advogado, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, responsável por ter contratado Antônio para o assassinato.
O Olhar Direto já havia noticiado que a Polícia Judiciária Civil investigava se decisão do desembargador Sebastião de Moraes Filho teria sido o “estopim” da execução.
Aníbal estaria envolvido em ação que discutia posse de uma área rural com mais de 4 mil hectares. Ele teria sido atingido por decisão para desocupação sobre terceiros.
Posteriormente, conseguiu suspender temporariamente a desocupação junto ao Tribunal de Justiça (TJMT). Anibal teria, no âmbito de um recurso interposto na Corte, arguido a suspeição do desembargador Sebastião de Moraes, por supostas relações com Zampieri.
Acolhida a exceção de suspeição pelo próprio desembargador, este viu porbem revogar a decisão que impedia a imediata imissão na posse da propriedade pertencente ao investigado Anibal, o que, segundo a Autoridade Policial, teria sido o estopim da ordem para execução da vítima.
A proximidade entre Zampieri e Sebastião acabou sendo confirmado meses depois pelo Conselho Nacional de Justiça, o qual afastou o magistrado no dia 1º de agosto, após suspeitas de que o advogado atuava como uma espécie de “lobista” na Corte.
Foram reveladas, a partir da extração dos dados do celular de Zampieri, troca de mensagens possivelmente incriminadoras entre eles. No conteúdo, há diálogos que tratam de direcionamento de decisões, conversas diversas sobre churrasco, futebol, e até negociatas envolvendo valores expressivos.