“Badá”, “MD”, “Kaka”, “Gordin”, “TR”, e “Pogba” são as alcunhas dos denunciados que participaram do sequestro que culminou na morte das irmãs Rayane Alves Porto e Rithiele Alves Porto, executadas após longas horas de tortura. O crime aconteceu em Porto Esperidião, após o grupo alugar uma casa que foi usada como cativeiro. A motivação inicial da empreitada foi o fato de que as irmãs e Roebster Alves Porto, também vítima, terem postado em rede social uma foto fazendo gesto com as mãos em alusão ao PCC, facção rival do Comando Vermelho.
Leia mais:
Grupo é denunciado por sequestro, tortura e morte de irmãs que teriam feito sinal do PCC
Rosivaldo Silva Nascimento, vulgo Badá, Maikon Douglas Roda, o MD, Ana Claudia Silva, vulgo Kaka, Lucas dos Santos Justino, o Gordin, Adrian Lemes da Silva, o TR, Matheus da Silva Campos, o Pogba, foram os responsáveis por irem ao evento Festival de Pesca, onde abordaram as vítimas no dia 13 de setembro.
Toda a ação criminosa, que durou mais de 3 horas com intensos momentos de tortura e mutilação, foi registrada por vídeo chamada com um líder do CV, que acompanhou todo caso de dentro da Penitenciária Central do Estado. Coube a Rosivaldo, o Badá, a função de receber as ordens externas e repassá-las aos demais criminosos. Bará era o responsável por exercer a liderança local entre os denunciados.
Maikon Douglas, o MD, além da abordagem, foi um dos responsáveis por cortar os dedos e a orelha das vítimas. Foi ele que cortou o pescoço de Rayane, culminando na sua morte. MD também esfaqueou Roebster, que sobreviveu aos ferimentos.
Ana Claudia, a Kaka, participou da abordagem e dos momentos de tortura. Segundo a denúncia, ela utilizou o pedaço de madeira com prego para agredir Rayane, chegando a cravar o prego diretamente na barriga da vítima. Também colocou mordaça na boca das vítimas para abafar os pedidos de socorro.
Os denunciados tiveram tarefas distintas na concretização dos crimes praticados. Lucas, vulgo Gordin e Adrian, o TR, mesmo não ficando toda a madrugada na residência, foram responsáveis pela abordagem e coação das vítimas, assim como estiveram presentes no início dos atos de tortura. TR foi responsável também pela recaptura de Roebster quando ele tentou fugir.
Coube a Rosicléia da Silva a tarefa de alugar a casa que seria utilizada para a consumação dos crimes. Assim, em 09 de setembro de 2024, ela entrou em contato com a proprietária do imóvel, manifestando interesse na locação e solicitando as chaves da residência. Enquanto o restante do grupo promovia a abordagem das vítimas, ela aguardava a todos dentro da casa alugada, na companhia de outros dois adolescentes.
O grupo foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPE), por meio da Promotoria de Justiça da Comarca de Porto Esperidião, pelos crimes de associação criminosa qualificada, tortura, extorsão mediante sequestro com resultado morte e roubo.
Segundo o MPMT, os denunciados são pessoas ligadas ao Comando Vermelho e tomaram conhecimento de uma postagem em rede social na qual as vítimas Rithiele, Rayane e Roebster aparecem fazendo um gesto com as mãos. Na visão dos denunciados, tal gesto seria uma alusão a uma facção criminosa rival.
“Por esse motivo, os denunciados se associaram para forçar as vítimas a comparecerem ao chamado “tribunal do crime” e lhes aplicarem um “salve”. Essas expressões referem-se à prática de submeter pessoas a uma espécie de julgamento interno da facção criminosa, onde se avalia se as vítimas agiram em desacordo com os interesses da organização”, diz um trecho da denúncia.
Os crimes ocorreram no dia 14 de setembro deste ano. Segundo o MPMT, para concretizar o plano criminoso, o grupo contou com a participação de pelo menos oito adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, que também já foram alvos de representação pela prática dos atos infracionais. A atuação criminosa foi monitorada por meio de chamada de vídeo por outro indivíduo, que exercia a função de liderança do grupo.
Consta na denúncia, que as vítimas foram abordadas na madrugada do dia 14 de setembro, quando deixavam o festival de pesca, e foram levadas para o cativeiro. Os jovens Higor e Victor conseguiram escapar sem sofrer lesões. Já as irmãs Rithiele e Rayane e Roebster foram torturados por pelo menos três horas, envolvendo agressões e ameaças. Dos três, apenas Roebster conseguiu sobreviver aos ferimentos.
Conforme o MPMT, não tendo encontrado qualquer indício de envolvimento das vítimas com facções criminosas, os acusados passaram a exigir que elas ligassem para pessoas próximas, solicitando o pagamento de resgates. Mesmo tendo conseguido obter a quantia de R$ 11 mil, os denunciados não liberaram as vítimas do cativeiro.
Os denunciados estão presos nas cadeias públicas de Araputanga, Cáceres e Cuiabá. A denúncia foi oferecida à Justiça no dia 1º de outubro.