Os advogados que representam a defesa do vereador por Cuiabá, Paulo Henrique (MDB), preso na segunda fase da Operação Ragnatela, que desbaratou esquema de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, afirmou que a prioridade neste momento é conseguir a liberdade dele, uma vez que ele não representa risco à ordem pública e tampouco de interferência no andamento do processo. Ele foi detido pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (20).
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Em entrevista à imprensa na sede da PF em Cuiabá, onde Paulo foi encaminhado, os juristas Ricardo Spinelli e Vinícius Falcão questionaram a necessidade da prisão do vereador, uma vez que, desde a primeira fase, ele cumpre medidas cautelares alternativas ao cárcere e, além disso, tem se colocado à disposição das investigações.
“Então vamos trabalhar dentro do que a lei estabelece: pedindo revogação da prisão através do HC, e todas as questões processuais sobre a desnecessidade da prisão, pois ele já havia se colocado a disposição da justiça, já estava cumprindo cautelares da primeira fase, não oferece riscos de interferência e está há disposição há muito tempo”, questionaram os defensores.
Sobre o mandato dele na Câmara, os advogados lembraram que cabe à Casa de Leis instaurar algum procedimento para avaliar se ele continua ou não atuando como vereador. Porém, neste momento, ele segue no cargo.
“A candidatura dele fica a cargo do partido. Por parte dele, ele está bem tranquilo. Ele até falou dessa questão política, para analisar o que o partido vai falar, para conversar com o presidente do partido para ver o que ocorrerá nas próximas horas. É uma questão muito prematura, a prisão ocorreu há poucas horas. É natural que a defesa vai ter o devido acesso aos elementos produzidos, a defesa vai se inteirar e definir a melhor opção estratégica. A candidatura dele, por enquanto, permanece inalterada”, completaram.
Por fim, questionaram qual o fato novo, desde a primeira fase, até hoje, que fosse apto a ensejar na prisão de Paulo. “Qual o risco de interferência, qual fato novo que justifique a prisão, que é uma medida excepcional? Por que só o Paulo foi preso?”. Após a prisão, ele será submetido a audiência de custódia e, posteriormente, os advogados confirmaram que vão ajuizar habeas corpus pedindo a revogação da prisão.
Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT) deflagrou nesta sexta-feira (20) mais uma fase da Operação Ragnatela, tendo como alvo principal, Paulo Henrique (MDB). Fiscal da Ordem Pública identificado como Rodrigo Anderson Rosa também é alvo.
A primeira fase da operação teve o objetivo de desarticular núcleo do Comando Vermelho em Mato Grosso responsável por lavagem de dinheiro em casas noturnas cuiabanas.
Equipes identificaram que criminosos participavam da gestão de casas noturnas em Cuiabá. Com uso dessa estrutura, o grupo passou a realizar shows de cantores nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.
As investigações apuraram que os acusados repassavam ordens para a não contratação de artistas de unidades da Federação com influência de outras organizações criminosas, sob pena de represálias deliberadas pela facção criminosa.
A organização contava com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, que agiam sem observância da legislação de posturas e recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.
A Ficco é uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Judiciária Civil e Polícia Militar e tem por objetivo realizar uma atuação conjunta e integrada no combate ao crime organizado no estado do Mato Grosso.